Às 3h da manhã, começa na beira da rodovia uma operação um pouco diferente. Além dos policiais e dos carros com as luzes piscando, tem também o cafezinho, mostrou o Jornal Nacional.
Na Rodovia Castelo Branco, que liga São Paulo ao interior, um policial pede documento, olha a placa e pergunta: "Está cansado?". "Pouquinha coisa", responde o condutor.
"O olho fica amortecido. A gente já percebe que ele está cansado", alerta Valdecir da Silva, sargento da Polícia Rodoviária Estadual.
Logo aparecem os fregueses do cafezinho. Um motorista afirma que está dirigindo há oito horas e é convidado para tomar um café para despertar.
Quem para se serve à vontade. O café quebra um galho.
Dentro da base da polícia, passar o café direitinho é requisito para a função. Tarefa do soldado.
Marco Túlio de Mello, professor de medicina do sono da Unifesp, explica que a bebida funciona como estimulante principalmente para quem não costuma tomar muito café. E não é só o café que faz efeito.
"O fato de já ser parado já altera toda a sua atenção. Ao mesmo tempo, o fato de ele ficar um tempo fora da direção, exposto à luminosidade, isso tudo vai ajudar", avisa o médico.
Ele calcula que o sono seja responsável por nove mil mortes no trânsito por ano no Brasil. Na hora de dirigir, quem está há 19 horas acordado tem os mesmos reflexos de alguém que bebeu seis copos de cerveja. Então, o ideal é adotar a lei seca: dormir bem para não ficar entorpecido pelo sono.
E, se aparecer um policial oferecendo café, não, você não estará sonhando.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 26 de maio de 2012