Parking News

As pessoas devem ir ao trabalho ou o trabalho é que deve ir até elas no século XXI? Dois fatos, aparentemente distantes, desta semana que passou demonstraram que o Brasil ainda não aprendeu a pensar diferente no que diz respeito a um dos grandes problemas do século XXI: a mobilidade urbana. No dia 21, com a crise europeia batendo à porta, o governo federal anunciou novas medidas de estímulo à economia. E repetiu uma velha fórmula: incentivos às montadoras para que, com o IPI menor, desovem seus estoques. Dois dias depois, uma greve dos metroviários parou a cidade de São Paulo. A confusão generalizada serviu de pretexto para a exploração eleitoral do tema. Afinal, São Paulo e o Brasil não podem parar, aponta a Isto É.
Hoje, há praticamente um consenso sobre o apagão dos transportes no Brasil. Grandes metrópoles, e não apenas São Paulo, apresentam sérios problemas de mobilidade urbana. E as políticas públicas, em vez de atenuar, reforçam o caos. Mais automóveis nas ruas, mais obras de infraestrutura e, com o que sobra, algum estímulo ao transporte público, com a construção de linhas de metrô e corredores de ônibus. Esse modelo, no entanto, se esgotou e não resolverá os problemas, por maiores que sejam as verbas de um PAC da Mobilidade. É hora, mais do que nunca, de buscar soluções inovadoras.
Eis a pergunta que deve ser feita: por que, em pleno século XXI, as pessoas ainda vão ao trabalho, e não é o trabalho que vai até elas? Será que não é mesmo possível reorganizar as relações de trabalho na era da internet e da banda larga? Pois uma das grandes saídas para as metrópoles é o estímulo ao trabalho remoto. Nos dias de hoje, seria plenamente possível reorganizar o espaço urbano, oferecendo incentivos adequados ao setor privado. Por que não, por exemplo, reduzir impostos de empresas que tenham a maior parte dos funcionários trabalhando remotamente e, portanto, demandando menos serviços públicos? Por que não estimular a criação de escritórios compartilhados, em vários pontos das grandes metrópoles, para que essas pessoas tenham estações de trabalho, onde possam se conectar com seus colegas por Skype, e conviver com gente de outras empresas? E mesmo nos casos onde o trabalho presencial é necessário, pode-se estimular a contratação de pessoas que morem em regiões próximas.
O Brasil está prestes a sediar a maior conferência ambiental dos últimos anos, mas o modelo mental dos governos e das empresas ainda é do século passado. Vivemos ainda na era do petróleo, do automóvel e da degradação das riquezas naturais e do espaço público. Será que não é hora de mudar?
Fonte: Revista Isto É (SP), 30 de maio de 2012

Categoria: Geral


Outras matérias da edição

Com trânsito recorde, a cidade trava (24/05/2012)

Uma cidade travada. Às 10h do dia 23 de maio, São Paulo registrava 249 km de lentidão. Foi o recorde no pico da manhã desde o início da medição, em meados dos anos 1980. Segundo a Companhia de Engenha (...)

Etanol segue competitivo em SP e MT (25/05/2012)

Os preços do etanol nos postos de combustíveis seguem competitivos apenas nos Estados de São Paulo e Mato Grosso, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP (...)

Confissões de paulistanos ao volante (30/05/2012)

São Paulo não sofre com o trânsito infernal de todos os dias por culpa de seus motoristas, por mais que eles cometam infrações. O absurdo tamanho da frota, a insuficiente malha viária e as deficiência (...)


Seja um associado Sindepark