Para tentar mudar esse cenário, São Paulo será a primeira cidade do mundo a adotar os limites para poluição do ar recomendados pela Organização Mundial de Saúde. A nova determinação virá por meio de decreto assinado pelo governador Alberto Goldman até dezembro, e valerá em todo o Estado, começando pela capital.
O padrão será mais rígido e exigente que o atual, em vigor desde 1990. E deve implicar, além de novos requisitos para empresas obterem licenças ambientais, a aplicação de medidas mais extremas - como ampliação do rodízio de veículos sempre que o nível de poluição atingir índices críticos.
"As medidas estão sendo adotadas paulatinamente, como indica a queda dos níveis de poluição nos últimos anos. Mas, a partir dos novos padrões, o controle deve ser mais restritivo", explica Claudio Alonso, da Diretoria de Tecnologia, Qualidade e Avaliação Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Transporte
Para ter efeito, o novo padrão deve vir acompanhado de ações como a expansão dos meios de transportes públicos. Sem alterações na mobilidade, os novos limites não surtirão efeito e serão ultrapassados constantemente. Hoje, o tráfego nas maiores vias de São Paulo arrasta-se a 15 km/h. "É a mesma velocidade em que os bandeirantes andavam no século 18. Não é possível melhorar a qualidade do ar com tanta emissão nesse anda e para", explica Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP. Em São Paulo, 4 mil pessoas morrem por ano de doenças provocadas ou agravadas pela poluição.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 12 de junho de 2010