Parking News

Jorge Hori *

A Prefeitura Municipal de São Paulo cogita promover uma redução nas tarifas de táxis, em dois horários, com objetivos distintos. Para isso contratou uma pesquisa prévia para avaliar a repercussão possível dessas reduções.
Uma das reduções seria feita no horário noturno, principalmente nos finais de semana, com o objetivo de incentivar o uso do táxi em vez do automóvel, de maneira a diminuir os acidentes com os motoristas embriagados. Nesse caso a redução seria a anulação do acréscimo da bandeira dois, que é de 30% na quilometragem. Teria um efeito mais psicológico do que econômico, porém, é o que interessa.
Assumindo que seja efetivada - o que é difícil, dada a reação da categoria -, essa medida poderia ter impactos efetivos e positivos. Por motivos psicológicos e nem tanto econômicos. Com a bandeira dois há uma sensação de que o táxi fica caro. Sem a bandeira dois, há a sensação oposta e isso levaria - provavelmente - ao maior uso.
Isso teria um impacto sobre os estacionamentos nas proximidades das "baladas" cobrando entre R$ 10,00 a R$ 15,00 o período. Próximos a teatros e outros locais de entretenimento utilizados pelas classes mais altas, o período chega a ficar entre R$ 25,00 e R$ 30,00.
O motorista tende a desprezar os custos fixos da viagem, incluindo - no caso - o combustível. O custo variável comparativo é o do estacionamento. Se esse for de R$ 30,00 para a opção pelo táxi, esse deveria custar - ida e volta - menos que esse valor. Ou seja, no máximo, R$ 15,00.
Para o táxi comum, considerando a bandeirada de R$ 3,50, ficariam apenas R$ 11,50 para a quilometragem. Essa, pela bandeira 1, é de R$ 2,10, e a distância máxima a ser percorrida seria de 5,5 km. Se adotada a bandeira 2, com a quilometragem de R$ 2,73 a distância cairia para 4,2 km.
Se considerarmos um custo adicional de locomoção por automóvel de R$ 0,50 por km, o percurso máximo poderia subir para 7 km no caso da bandeira 1 e 5,2 km em bandeira 2, ou seja, um quilômetro a mais.
A não aplicação da bandeira 2 poderia resultar num aumento de 1,8 km na distância, dentro da comparação estritamente econômica. Na cidade de São Paulo, de grande expansão territorial, essa diferença seria pouco significativa.
Não bastaria a redução tarifária. O custo do estacionamento precisaria subir muito para desestimular o uso do automóvel a favor do táxi.
Para os estacionamentos, um aumento de preços poderia resultar em redução da demanda. O que poderia ser compensado pelo valor unitário maior. Porém, a reação do usuário a preços elevados poderia levar a conflitos. Além da busca por vagas não pagas em vias públicas, com riscos de assaltos ou de chantagem dos "flanelinhas".
Para esse fim, uma alternativa seria um crédito oferecido pelo bar ou restaurante com o qual o cliente poderia pagar parte da corrida de táxi.
Se esse fosse, por exemplo, de 5% sobre uma conta de R$ 100,00, o crédito daria para mais 2 km de percurso e 1 km a mais de distância, considerando sempre ida e volta. Ainda é muito pouco.
A eventual redução tarifária no horário de pico tem outros impactos que trataremos em comentário próximo.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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