Gilton tem 43 anos. O caminhoneiro atribui a rápida mudança na fisionomia ao rebite, remédio que tomava por conta própria para ficar sem dormir e trabalhar mais.
O caminhoneiro conseguiu se livrar do vício, mas 19 entre 100 colegas de profissão dele assumiram que toda semana tomam os tais comprimidos que tiram o sono.
Um estudo sobre o perfil dos caminhoneiros no País revelou ainda que 44% dos motoristas de caminhão consomem bebida alcoólica nas estradas, e 8% usam drogas.
A pesquisa também mostrou que o caminhoneiro faz da boleia a própria casa. Passa mais tempo no caminhão do que com a família, e o que é mais preocupante: nunca dormiu tão pouco e tão mal.
Para um especialista no assunto, o médico Dirceu Campos Valladares Neto, os caminhoneiros estão dormindo ao volante de olhos abertos. "O caminhoneiro dorme hoje em média cerca de quatro a seis horas. É pouco para quem tem uma profissão dessas. Deveria ser no mínimo nove horas de sono", explica Rezende.
Mais tempo na estrada
Mas por que o caminhoneiro não pega no sono e dorme direito? A falta de tempo aparece no topo das justificativas. A pesquisa mostrou que para chegar na hora certa, sem ser multado por excesso de velocidade, o caminhoneiro tem que diminuir o período de descanso para aumentar o tempo ao volante.
O caminho capaz de levar a uma estrada mais segura passa pela consciência da nova geração. Caminhoneiros jovens que não bebem, não se drogam e não aceitam a pressão por prazos desumanos, segundo o Sindicato da União Brasileira de Caminhoneiros e Afins, que representa o setor. Ivan Couto dos Santos, de 26 anos, faz parte desse time. "Eu quero ser o reflexo de um novo País que está nascendo nas estradas".
Fonte: portal G1, 28 de outubro de 2009