O descumprimento de horário de algumas linhas contribui para o crescimento dos piratas que atuam livremente pela região do Itapoã sob os olhares de um fiscal de uma empresa de transporte e que, segundo ele, nada pode fazer. ?É um esquema bem organizado em que todos se conhecem e dividem as linhas que vão fazer. Passam a cada cinco minutos nas paradas e nunca estão vazios?, conta Donizete Sousa.
A reportagem percorreu as ruas do Itapoã e flagrou diversas cenas de transporte ilegal. Em uma situação, era possível ver duas mulheres, uma criança de colo e um rapaz entrarem no banco de trás de um Fiat Siena. ?O pirata só existe porque o transporte público deixa a desejar. As pessoas não aguentam mais ter que aguardar até duas horas por um ônibus, sem contar na possibilidade de o coletivo quebrar?, reclama a diarista Maria de Jesus da Silva, moradora do Itapoã.
Menos assentos
Outro motivo que contribui para a superlotação é a redução do número de assentos dos ônibus novos, que contam com 36 lugares ? 11 a menos em relação à frota antiga. ?A renovação não significa que tudo funcione corretamente. A campainha, por exemplo, não funciona direito?, conta Maria da Silva.
A insatisfação com o sistema de transporte coletivo contribui para o aumento de ônibus queimados no DF. De acordo com o Corpo de Bombeiros, de janeiro a julho deste ano, 43 carros foram incendiados ? 13% a mais se comparado ao mesmo período de 2012, quando 38 veículos acabaram atingidos. Até 22 de agosto, quatro ocorrências tinham sido registradas.
Já o diretor-geral do Transporte Urbano do DF (DFTrans), Marco Antonio Campanella, alega que boa parte dos veículos queimados não são do sistema local. ?Poucos carros que rodam na cidade fazem parte da estatística, apesar de o DFTrans não ter esse levantamento. Nosso sistema é velho, mas ainda é mais novo em comparação ao Entorno, e está em pleno processo de mudança.?
Fonte: Correio Braziliense (DF), 29 de agosto de 2013