"Esses modelos são justos porque só paga quem usa a estrada e quem polui o meio ambiente, e os lucros privados podem ser rapidamente investidos em infra-estrutura nas vias com maior movimento", diz Antonio Diez Rivera, diretor-executivo da Associação Espanhola de Concessionárias de Rodovias (Aseta). Dos 13 mil quilômetros de estradas espanholas de grande capacidade, 3,2 mil estão concedidos ao setor privado.
Segundo João Widmer, membro do Fórum Internacional sobre Tecnologia de Transporte Rodoviário, as "trilhas de rodas" nas estradas são causadas por má qualidade do asfalto ou por problemas de drenagem de pistas, mas principalmente por peso excessivo. Na Alemanha, desde janeiro de 2005 caminhões pesando a partir de 12 toneladas pagam pedágio por distância percorrida e, quanto mais pesados, mais eixos tiverem e mais poluentes forem, maiores os preços. O sistema usa satélite (GPS) para calcular a distância percorrida e computadores de bordo enviam os dados para uma central por GSM. As contas chegam todo mês às transportadoras. Não há engarrafamentos ou postos de pedágio.
Nos Estados Unidos, a agência Miami-Dade Expressway Authority - MDE usa pedágios eletrônicos nas cinco rodovias mais movimentadas do sul da Flórida, onde está implementando um corredor com mais de 100 km totalmente livre de postos de pedágio. Modelos semelhantes são usados em rodovias no Texas e em países como Canadá e Austrália. O chamado Sistema de Transporte Inteligente (ITS, sigla em inglês) usa uma tecnologia de comunicação sem fios. Os veículos cadastrados são identificados por dispositivos eletrônicos ou pelas placas. Cerca de 80% dos usuários já são identificados eletronicamente. A cobrança cai diretamente na conta bancária, correspondente ao trecho percorrido. Motoristas podem usar estradas alternativas, de qualidade inferior. Em 2006 a concessionária coletou US$ 75 milhões. "Os recursos são investidos em melhorias das estradas e ampliação da cobrança eletrônica, que será expandida até 2012", diz Teresita Garcia, vice-presidente da MDE.
Pedágios não são cobrados apenas em rodovias: capitais como Estocolmo (Suécia), Santiago (Chile) e Londres (Inglaterra) já usam taxas urbanas. O modelo pode ser automático e basta o veículo entrar em determinada área para que seja identificado para cobrança. "A capital inglesa reduziu o trânsito central em 30% e a poluição em 15%", revela Eduardo Coutinho, diretor para a América Latina da norueguesa Q-Free.
Fonte: Valor Econômico (SP), 2 de outubro de 2007