O levantamento foi feito pelo jornal Estado de S. Paulo, com base nos registros no site do CGE. O mapeamento mostra que algumas ruas e avenidas são recorrentes na classificação de "alagadas". O destaque vai para o cruzamento entre a Avenida Aricanduva e a Rua Tumucumaque, na zona leste da Capital. Este trecho foi reincidente seis vezes nos dados de alagamentos que não permitiam a passagem de um só automóvel ou caminhão.
Dia 3 de dezembro, nesse grupo foram inseridos 15 pontos. O cruzamento da Praça Marrey Júnior com a Rua Turiaçu, na zona oeste paulistana, também reincidiu quatro vezes em dias de tempestade, atrapalhando o tráfego na região.
A principal explicação para o aumento de alagamentos intransitáveis na cidade é meteorológica. Choveu até mesmo em períodos historicamente caracterizados como secos. Foi o inverno mais chuvoso de todos os tempos, segundo as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e o reflexo disso também apareceu no tráfego.
"Não apenas a chuva atípica para os meses mais frios contribuiu para o aumento de alagamentos, como também a forma das tempestades", avalia o meteorologista do CGE, Michael Pantera. "Por causa do fenômeno El Niño, a temperatura está mais quente, o que favorece a chuva em forma de pancadas, sempre no fim de tarde."
Apesar da justificativa climática, razões urbanísticas também explicam o aumento de inundações. O solo impermeável - agravado pelo desequilíbrio entre asfalto e áreas verdes - contribuiu para o cenário das enchentes. Dados do Movimento Nossa São Paulo mostram que a distribuição de vegetação é totalmente desigual na capital paulista. Enquanto em São Miguel, na zona leste, há 1,7 m² de área verde para cada habitante, em Capela do Socorro, zona sul, o índice sobe para 162 m²/pessoa. Outro aspecto é a falta de investimentos em limpeza de bueiros e obras de drenagem. Neste ano, por exemplo, o Rio Tietê voltou a transbordar após quatro anos.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 5 de dezembro de 2009