Não importa qual seja a hora do dia, a cena de intimidação é repetida inúmeras vezes. Por volta das nove horas da manhã, as pessoas que buscavam um local para deixar o carro já eram interpeladas antecipadamente por um grupo de flanelinhas que disputavam entre si o ?cliente?. Ao sair do automóvel, o motorista é cumprimentado e avisado que o custo da parada será de R$ 5. A biomédica Marcela Salazar desceu do veículo na rua Marins e Barro, acompanhada de uma amiga, e caminhou com passos largos e rápidos. ?Além de me sentir profundamente lesada com a extorsão, ainda tenho medo de ser ameaçada fisicamente. Fazia tempo que não vinha ao Recife Antigo, mas infelizmente continua do mesmo jeito?, afirmou indignada.
Um idoso, de 61 anos, que não quis se identificar, trabalha há 16 anos pelas ruas do Recife Antigo. No colete vermelho que usa está inscrito ?Zelador de automóveis?. ?É com este trabalho que sustento minha família. Sou autônomo e cuido dos carros para que os clientes passeiem tranquilos, sem medo de terem seus veículos roubados. A Prefeitura do Recife não faz nada por nós, que realizamos esse serviço à população?, justificou, mesmo sendo questionado de que a prática é irregular. Para o juiz de Direito, Marcelo Russell, que também foi alvo dos flanelinhas, é necessário um trabalho social. ?É preciso que os órgãos competentes desenvolvam ações educativas e regulamentadoras para estas pessoas?.
Fonte: Folha de Pernambuco (Recife), 4 de novembro de 2013