O movimento, chamado Pedestre Primeiro, foi criado a partir de uma reportagem publicada pela Folha em maio deste ano que relatava que os paulistanos têm, em média, 15 segundos para atravessar a rua. "Quase todos os cruzamentos são feitos de forma a penalizar o pedestre, que têm de andar mais e esperar mais para se locomover", diz a psicóloga Cássia Fellet, uma das integrantes do movimento. O promotor José Carlos de Freitas abriu inquérito para investigar os procedimentos da CET ao projetar as ruas.
"Se for constatado que a companhia privilegia o carro, podemos exigir que a rua seja reprojetada de forma a privilegiar o pedestre, conforme garante o Contran (Conselho Nacional de Trânsito)."
A Folha pediu que o especialista em educação para o trânsito Eduardo Biavati analisasse todos os cruzamentos da Consolação, entre a Paulista e a Caio Prado, e indicasse seus problemas. Para ele, nem todos apresentam falhas, mas o mais críticos são: Dona Antônia de Queirós, Caio Prado e Matias Aires/Maceió.
Durante o trajeto, o especialista avaliou ser visível o privilégio aos carros. "Deve-se equacionar as necessidades de todos, mas, na equação da CET, a linha reta ficou com o carro."
Outro lado
Questionada pela Promotoria, a CET enviou ao órgão uma análise técnica em que justifica o tempo de 15 segundos no cruzamento da Consolação com a Dona Antônia de Queirós, o mais problemático para os moradores.
A companhia diz que a travessia descontínua foi feita com base em pesquisa que diz que 70% dos que atravessam aquele trecho têm como destino o ponto de ônibus do canteiro central.
De acordo com o documento, o tempo de travessia é calculado levando-se em conta que um pedestre se movimenta a uma velocidade média de 1,2 m/s.
O promotor discorda do cálculo. "Temos que considerar que há crianças, idosos e pessoas com deficiência. A cidade não pode ser projetada levando-se em conta apenas o atleta e o carro."
Fonte: Folha de S. Paulo, 4 de dezembro de 2010