Parking News

Após um ano da ampliação da marginal Tietê e do trecho sul do Rodoanel, a média dos engarrafamentos paulistanos diminuiu, mas a marginal Pinheiros é hoje um gargalo para os motoristas. Das principais vias expressas, ela foi a que menos sentiu os impactos das novas obras ou restrições aos caminhões impostas pelo prefeito Gilberto Kassab. E na retomada da vida normal da cidade num ano de Carnaval tardio, a marginal Pinheiros tem sido a principal vilã no trânsito da manhã, período que tem registrado índices tão ruins quanto os do final da tarde. Levantamento da Folha mostra que, das 7h às 10h, ela acumula neste mês 350 km de filas pelas medições horárias da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Isso representa 48% a mais do que os 236 km da Tietê - que em anos anteriores tinha mais do que o dobro de congestionamento da Pinheiros ao longo do dia.
Há explicações variadas, mas uma já era esperada: com a ampliação restrita à marginal Tietê, há um afunilamento na Pinheiros. "É como alargar um rio em um ponto. Aumenta a vazão, a água chega mais rápido no outro. Os carros andam mais na Tietê. Mas, enquanto não houver solução para os pontos críticos da Pinheiros, não adianta", afirma Alexandre Zum Winkel, consultor em trânsito que trabalhou mais de duas décadas na CET. Mas por que a lentidão tem se concentrado de manhã? "A zona sul está mal atendida por transporte público e é alvo de grande expansão comercial e residencial. Na ida, as viagens são para lá. Na volta, sai de uma via saturada para um rio largo, a Tietê. Escoa melhor", diz.
Nova rotina
O diagnóstico da CET sobre o semestre passado aponta uma queda de 52% do trânsito na marginal Tietê, de 70% na av. dos Bandeirantes e de 22% na média da capital. Na marginal Pinheiros, a melhoria se limitou a 14%. "O espaço da retirada dos caminhões foi ocupado por carros", avalia Winkel. Em um ano, a frota da cidade cresceu 250 mil veículos e beira hoje os 7 milhões.
A mudança de rotina não atinge apenas as vias mais afetadas, mas os horários. Em fevereiro, a lentidão em São Paulo melhorou 5% à tarde e piorou 5% de manhã em relação ao ano passado. Na prática, a média das 7h às 10h (99 km) quase igualou a das 17h às 20h (100 km). Uma situação atípica até então, agravada, entre outras coisas, pela permissão a algumas atividades do transporte de cargas pela manhã (como alimentos perecíveis, mudança e construção civil).
Obras acabam em junho, afirma CET
A CET considera positivos os ganhos no trânsito paulistano de um ano para cá, mas avalia que os impactos não estão completos porque ainda há obras para serem entregues nas duas marginais. Na marginal Tietê, falta concluir uma ponte estaiada nas proximidades da av. do Estado e um alargamento na altura da ponte do Limão. As intervenções deveriam ter ficado prontas no ano passado, mas atrasaram. Na marginal Pinheiros, outra obra que sofreu mais de um ano de atraso foi a ampliação da pista local, próximo à ponte Cidade Jardim, no sentido Castello Branco. Ela visa compensar os transtornos ao trânsito provocados pelo WTorre JK, complexo comercial na esquina com a av. Juscelino Kubitschek, que teve sua primeira fase (torre de 28 andares) entregue no fim de 2009. Tanto a obra da marginal Tietê como a da Pinheiros estão previstas para serem concluídas até junho deste ano. A CET exalta também a elevação da velocidade dos carros na marginal Tietê após a sua ampliação. Na pista expressa, entre as pontes do Limão e Júlio de Mesquita, ela foi de 13 km/h para 56 km/h à tarde, sentido Ayrton Senna. De manhã, sentido Castello Branco, de 68 km/h para 81 km/h. Entretanto, a via não se livrou dos engarrafamentos. Neste mês a marginal Tietê ainda liderava a soma dos índices de lentidão à tarde.
Fonte: Folha de S. Paulo, 27 de março de 2011

Categoria: Cidade


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