A título de exemplo, a equipe de A Tribuna percorreu algumas das vias mais movimentadas desses bairros, à procura de vagas de estacionamento. Às 16h30, na Rua João Pessoa, no trecho entre a Rua Martim Afonso e a Praça dos Andradas, não havia nenhuma vaga disponível. Na Amador Bueno, entre a Praça dos Andradas e Rua Braz Cubas, foram encontradas quatro vagas, três delas exclusivas para deficientes. Na Vila Mathias, o percurso foi na Avenida Carvalho de Mendonça, por volta das 17 horas. Do canal 1 ao 2, trecho tipicamente residencial, havia quatro vagas. Do canal 2 à Avenida Ana Costa, apenas três. Da Ana Costa ao Canal 3, uma. Já no trecho Boqueirão da Avenida Epitácio Pessoa (entre as avenidas Conselheiro Nébias e Siqueira Campos) não foi encontrada nenhuma vaga para estacionar, por volta das 17h30. No Gonzaga, a Avenida Floriano Peixoto foi percorrida por volta das 17h40. Do canal 2 à Praça Independência foram encontradas seis vagas, uma delas exclusiva para deficientes.
Impressões
O empresário Clébio Ribeiro é proprietário de quatro áreas de estacionamento, sendo três no Centro e uma no Valongo. Em duas delas, localizadas na Avenida São Francisco e na Rua Amador Bueno, não há mais vagas para mensalistas. "O estacionamento da Amador Bueno não tem mais vagas para mensalistas há um ano. As pessoas buscam serviço, não o estacionamento. Por isso, procuram o local mais próximo do seu destino para estacionar", diz ele. Ribeiro também é proprietário do estacionamento vertical Opus, na Avenida São Francisco, que funciona 24 horas. "Nossos mensalistas têm vaga exclusiva e podem levar a chave embora. Mas não temos mais vagas para esses clientes (são cerca de 200 vagas ocupadas)".
Entre os meses de dezembro e fevereiro, ele diz observar uma queda no movimento de avulsos no Opus. É quando investe nos passageiros de transatlânticos. A despesa com o traslado, feita por táxi, é coberta pelo estacionamento. O empresário acredita que uma saída para a cidade, daqui a uns meses, é a construção de estacionamentos verticais para absorver a demanda. O movimento também é observado em outros estabelecimentos. "Não temos mais vagas para mensalistas. O horário de maior movimento é das 9 ao meio-dia e das 14 às 16 horas, devido ao Poupatempo", afirma Luiz Fernando Silva Santana, gerente do Estacionamento Esperança, no Centro. No Luna Park, também na região central, havia apenas duas vagas. "Para nós, compensa mais o estacionamento avulso. As pessoas não querem dar voltas para arranjar um lugar e se sentem mais seguras com o carro no estacionamento."
Resposta
Por meio de sua assessoria de imprensa, a CET informou que a questão central da discussão sobre a falta de vagas para estacionamento está no estímulo ao transporte público. "Por isso, a empresa vem criando faixas de circulação exclusiva ou preferencial aos ônibus para tornar este tipo de transporte mais atraente. Na medida em que se reduzem as interferências viárias, torna-o mais ágil e rápido."
Leis tentam amenizar o problema
Como reduzir o problema da falta de estacionamento nas vias públicas? A secretaria de Planejamento de Santos não tem nenhum projeto para fomento da construção de estacionamentos privados, mas o secretário Bechara Abdalla Pestana Neves defende os instrumentos legais já existentes no Município. O principal deles é a Lei Complementar 528/05, que prevê a obrigatoriedade de vagas para estacionamento nas edificações e a adoção de medidas mitigadoras às atividades ou empreendimentos polos de trânsito e transporte. "Qualificamos os empreendimentos e dimensionamos quantas vagas para estacionamento ele deve ter", explica Neves. Já a Lei de Uso e Ocupação do Solo prevê que os supermercados com lote superior a mil metros quadrados tenham pátio de estacionamento para veículos, com área mínima de 50% da área construída.
A respeito de estacionamentos verticais, o secretário afirma que "edifícios-garagem já estão previstos na Lei de Uso e Ocupação do Solo, mas não foram feitos por falta de interesse da iniciativa privada".
Fonte: A Tribuna (Santos-SP), 27 de março de 2011