Parking News

Jorge Hori *

O novo boom imobiliário, iniciado em 2007, interrompido pela crise financeira internacional no final de 2008 e já retomado no segundo semestre de 2009, mostra as tendências de moradia na cidade de São Paulo.
Os principais lançamentos imobiliários realizados pelos incorporadores se caracterizam como "condomínios clubes" cada vez mais distantes, oferecendo melhor qualidade de vida para os seus compradores. Com isso as áreas mais tradicionais da cidade vão perdendo população, já apresentando taxas negativas de evolução, para desespero dos urbanistas e daqueles que acham que a cidade deveria - ao contrário - adensar a área central onde supostamente o nível de infraestrutura é maior dos que outras. E que, com isso, ocorreria um desperdício.
Mas essa classe média que busca morar melhor continua trabalhando nos polos de emprego da cidade, situadas no Centro, na Avenida Paulista, e nos corredores paralelos da Marginal Pinheiros e da Faria Lima, Berrini, Chácara Santo Antonio e outros pólos, provocando congestionamentos no acesso das rodovias para a cidade e nas vias estruturais.
A abertura parcial da linha Amarela, fazendo a ligação Butantã (na Av. Vital Brasil) à Estação da Luz, pouco afetará os que estão indo morar junto aos eixos da Régis Bittencourt (Embu, Itapecerica da Serra e outros) e da Raposo Tavares (Ibiúna e Cotia) porque o acesso à estação Butantã continuará difícil e não há estacionamentos suficientes para abrigar aqueles de transferência.
A nova linha, com operação parcial, não servirá como integração regional, mas para atendimento dos moradores da área de influência direta e os que irão trabalhar na região do Largo de Pinheiros - Batata e Faria Lima, aproveitando a integração das linhas metroviárias e da CPTM. A integração ferroviária na estação Pinheiros poderá desafogar o movimento de ônibus em direção á Paulista e ao Centro, mas pouco retirará dos usuários de carros.
Há a esperança de que a nova linha vá desafogar o trânsito da Avenida Rebouças, permanentemente congestionada. Não deverá ocorrer de forma sensível, na primeira fase, porque não elimina todo o fluxo que chega pela Av. Francisco Morato. O que só ocorrerá com as Estações Vila Sônia, acoplada a um terminal rodoviário interurbano e estacionamentos de transferência, juntamente com a Estação Morumbi, que poderá receber o fluxo vindo pela Av. Giovanni Gronchi, desde que haja um estacionamento de transferência junto àquela.
Há uma suposição generalizada de que os problemas de trânsito em São Paulo serão resolvidos com mais linhas de metrô, o que é uma ilusão, sem o estabelecimento de estacionamentos de transferência e de terminais para fretados. Esses não são um problema, mas uma solução.
Com o início de operação da linha Amarela, ainda em 2010, o que já é um atraso em relação às previsões originais, espera-se um movimento da ordem de 700 mil passageiros por dia e um pico de 40 mil. Presumindo uma divisão igual seriam 20 mil em cada direção, o que é provável. No horário de pico da manhã o motivo principal da viagem é a ida para o trabalho e, secundariamente, para a escola, em escala menor, pois a principal demanda nesse horário é para o ensino básico e médio (primeiro e segundo graus). A movimentação casa-escola é mais curta e realizada, em grande parte, a pé.
No pico da tarde as viagens por motivos educacionais são em maior número, pois abrangem aqueles que vão para as faculdades privadas, em cursos noturnos.
Na direção norte, os passageiros irão em direção à Paulista e ao Centro. Na direção oposta, vindo da Luz, os passageiros, oriundos do eixo norte (Pirituba, Perus, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato) e sudeste (Santo André, São Caetano e demais) terão acesso melhor para as regiões da Paulista e da Faria Lima.
A região da Paulista já está saturada, com poucos espaços para novos empreendimentos imobiliários para escritórios. Poderá se expandir para o seu entorno, mediante substituição de ocupação e (re) vitalização.
Já o Largo da Batata e seu entorno, que permaneceu como uma área congelada em função dos planos e das obras, entre o desenvolvimento imobiliário na Av. Pedroso de Moraes, de um lado, e da Faria Lima, de outro, sofrerá uma grande transformação.
Com novos grandes empreendimentos imobiliários, predominantemente do padrão AAA, e uma característica nas vias: sem nenhum espaço para estacionamentos gratuitos nas vias públicas. Os poucos disponíveis certamente serão usados para estacionamentos rotativos.
Haverá vagas suficientes para atender à demanda de carros que afluirão para a região?
Para a área está prevista uma Operação Urbana. Na ocupação poderiam ser previstas condições especiais para aumentar a disponibilidade de vagas.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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