Instalar, por exemplo, um serviço de lavanderia dentro de um estacionamento agrega valor ao negócio. Não se trata de aumentar a margem de lucro, explica Hallack, e sim "fidelizar" a clientela. No mercado de estacionamentos é importante ter uma grande quantidade de vagas. Há custos fixos altos e uma oscilação no tempo de permanência dos veículos. Em prédios comerciais, a ocupação acontece quase que exclusivamente durante a semana. Já em shoppings, a demanda maior é nos fins de semana. Por isso, a Estapar quer ter mais de 420 mil vagas até 2014 e estuda a criação de novas ferramentas para fazer com que o cliente tenha vontade de voltar.
A Estapar chegou a ter um projeto-piloto neste ano, batizado de Estação de Serviços, em dois prédios comerciais em São Paulo. Eram postos de coleta instalados nas garagens e que ofereciam serviços de lavanderia, sapataria e costura. Hoje, esse projeto está em fase de reformulação. Chama atenção o interesse de André Esteves pelo varejo. Em apenas nove meses, os fundos de private equity do BTG Pactual compraram três negócios nessa área. Além da Estapar, os fundos compraram 100% da rede de farmácias Farmais e dos postos de gasolina Via Brasil e Aster. "Acreditamos que o setor de serviços é um dos que mais vão crescer no Brasil. Por isso, a nossa aposta", disse Halleck.
As três aquisições foram fechadas pelos fundos de private equity da empresa de investimento BTG - o Pactual voltou para as mãos de André Esteves no mês passado. Agora, os fundos fazem parte do banco. Apesar de os três negócios parecerem complementares e a própria Via Brasil já oferecer serviços como farmácias e locadoras, Hallack explica que a Estapar e as demais aquisições "são operações completamente independentes e não há projetos neste momento de se unirem".
Enquanto a estratégia de "agregar conveniência aos estacionamentos" é estudada, a Estapar hoje investe fortemente em sua estrutura interna. "Depois que o BTG entrou, estamos vivendo uma revolução, com investimentos em tecnologia e contratação de executivos que pensam como será a empresa daqui a cinco anos", diz Helio Cerqueira Jr., fundador da Estapar, que começou com dois estacionamentos no Paraná em 1987. Hoje, a Estapar já tem mais de 20 contratos fechados de empreendimentos, como shopping centers e hospitais, que ainda vão ser inaugurados. "Antes, entrávamos nas licitações quando a obra estava terminando", diz Cerqueira Jr., que buscava um sócio há dois anos.
Diante do crescimento da Estapar, a concorrente Multipark também procura um sócio para injetar capital na empresa, que possui 240 estacionamentos. "Estamos procurando um sócio estratégico, que pode ser um fundo de investimento ou um grupo, que possa contribuir para nossa expansão", diz Sergio Morad, um dos fundadores da Multipark e presidente do Sindepark-SP. Uma das tendências do setor é as empresas de estacionamento deixarem de ser meramente operadoras de garagens para ser também investidoras. No Rio, por exemplo, a Multipark é sócia da espanhola OHL em uma garagem subterrânea que demandou investimentos de R$ 27 milhões.
Fonte: Valor Econômico (SP), 15 de outubro de 2009