O País deverá importar cerca de 600 mil automóveis este ano, 23% a mais que em 2009 e quase sete vezes mais que o volume de cinco anos atrás, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Para a consultoria PriceWaterhouseCoopers, o número pode chegar a 730 mil unidades.
No primeiro trimestre foram licenciados 141,6 mil carros que vieram de fora do Brasil. O volume é 35,4% maior que o de igual período de 2009 e equivale a 18% das vendas totais no período.
"Há uma combinação que favorece as importações, com a economia brasileira em crescimento e os mercados lá fora estagnados, muitos deles com produção excedente para desovar no Brasil, que conta ainda com a ajuda do câmbio", diz Marcelo Cioffi, da Price.
No ano passado, a balança comercial do setor registrou o primeiro déficit em dez anos, de US$ 3,7 bilhões, saldo de US$ 13,8 bilhões exportados e US$ 17,5 bilhões importados.
Recuperação
As exportações devem somar 530 mil unidades, uma melhora em relação a 2009 (475,3 mil), após cinco anos seguidos de baixa. "Alguns dos nossos principais clientes, como Argentina e México estão se recuperando, mas ainda estão longe do que foram no passado", diz o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. No trimestre foram exportados 159,1 mil carros, 82,7% a mais que em 2009.
A indústria de autopeças também vê parte da produção local ser substituída pelas importações. O setor de autopeças acumula déficit de US$ 701 milhões na balança comercial do primeiro bimestre. Paulo Butori, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos (Sindipeças), já fala em um saldo negativo de US$ 3,6 bilhões neste ano e de US$ 4 bilhões em 2011. No ano passado, o déficit das autopeças foi de US$ 2,49 bilhões, com importação de US$ 9,12 bilhões e exportação de US$ 6,63 bilhões.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 8 de abril de 2010