Uma das metas é, ao término de 22 meses, entregar o novo terminal, para 12 milhões de passageiros a mais, funcionando dentro da categoria C, nível de excelência de importantes aeroportos no mundo. Hoje, Guarulhos, e não apenas ele, mas todos os aeroportos nacionais, operam em nível F. A comunicação visual, campanhas informativas, sinalização adequada e alternativas para reduzir filas nos check-in de Guarulhos são algumas das soluções consideradas imediatas e sem grande impacto financeiro mas com impacto para o usuário que logo serão feitas, detalha Rocha. De olho em novas oportunidades, ele confirmou que participará da licitação pela obra da Transolímpica, que vai ligar as zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro e é uma das obras que fazem parte do projeto de infraestrutura dos Jogos Rio 2016. A abertura das propostas é dia 8 de março.
A seguir, alguns trechos da entrevista exclusiva de Gustavo Rocha ao Brasil Econômico.
Brasil Econômico - Quais serão os caminhos para que o aeroporto de Guarulhos tenha a cara da administração Invepar?
Gustavo Rocha - Não se pode achar que em 30 dias ou 60 dias de gestão, e ninguém aqui é mágico, você vai mudar a cara de um aeroporto que tem 30 anos de gestão pública, sem contar que é um aeroporto muito grande. Além disso, o investimento em infraestrutura é um investimento que demora a ser maturado. Eu vou construir um novo terminal e isso não é de um dia para o outro. Isso demora 22 meses. Em nenhum momento a gente pode esquecer que tem uma Copa do Mundo e há uma expectativa muito grande. São Paulo é a principal entrada do país e que tem uma necessidade de construção de um novo terminal, de construção de pátios. Então esse é o principal foco nesse início.
- Quando o contrato será efetivamente assinado?
- Em maio assinamos o contrato. A partir daí são 30 dias de operações onde ainda continua a Infraero, depois são três meses de operação assistida com a Infraero gerindo. Em seguida são três meses da Invepar gerindo com a Infraero assistindo e aí depois há o privado tocando o aeroporto. A mudança mesmo ela ocorre em setembro quando a gente assume, sendo assistida ou não, a gestão é minha.
- Há alguma medida que já identificará que um grupo privado é o dono do negócio?
- O privado tem uma flexibilidade muito maior de decisão, de rapidez. E se eu achar que vou ter que comprar dez esteiras eu vou comprar. Estamos fazendo todo o mapeamento, todo o diagnóstico para que tudo que a gente puder fazer no curto prazo para que o usuário melhore e para que ele perceba e que melhore a qualidade do aeroporto, vamos fazer.
- Quando vai ser possível sinalizar para quem circula e trabalha no aeroporto que há uma empresa fazendo e o que ela vai fazer?
- O usuário já tem na cabeça o que não foi feito. Vamos trabalhar uma campanha de comunicação forte, com um plano de marketing e programação visual. E uma transparência no relacionamento com o passageiro e com quem trabalha no aeroporto que vai começar a ser construído ali. O principal é a comunicação, explicar o que está sendo feito, o que vai ser feito, alinhamento de expectativas. Lógico que é muito chato que para que uma pessoa que vai pegar um voo internacional ficar em um check-in de duas horas. E vamos fazer tudo que é possível no curtíssimo prazo para melhorar.
- A engenharia dos 40% para Infraero e 51% para a Invepar permite que não haja amarras estatais. Esse foi um bom modelo?
- O modelo está bom, acertado. Ele sabe que hoje Guarulhos, Viracopos, Brasília e também Galeão, Confins, são os principais aeroportos onde acontece a geração de caixa necessária para manter 67 aeroportos que são administrados pela Infraero. Agora que você vem com a outorga, o governo está trazendo para ele a questão de garantir um fluxo de caixa onde ele consiga continuar planejando e estruturando o setor. Na hora que o governo fica nos 49% ele também está tendo uma garantia do fluxo de dividendos, além da outorga, que vai ajudá-lo a fazer o funding. E com 49%, com a gestão privada na decisão, ele vai acompanhar essa gestão privada, ele vai ter a oportunidade de pegar as melhores práticas de três operadores diferentes. A capacidade do governo e Infraero de melhorar o resto até para um futuro processo é muito maior. É um modelo que permite continuar o planejamento, o governo vai continuar tendo o papel dele de planejar e fomentar o crescimento do setor e vai aprender com diversos gestores privados para fazer melhor.
Fonte: Brasil Econômico (SP), 17 de fevereiro de 2012