Não é fácil achar uma vaga para estacionar em uma grande cidade brasileira. E quando o motorista encontra, ainda surge outra dificuldade: os flanelinhas. No Rio, eles dominam as ruas. Rio, Centro da Cidade. Achar uma vaga na região, só com muita sorte. Ou com muito dinheiro.
“Vou te cobrar 15 ‘mil réis", diz um flanelinha.
“Paga por medo de alguma represália em relação ao seu automóvel”, afirma um motorista.
Um deles usa o colete de guardador cadastrado. Deveria cobrar R$ 2 por duas horas. “Vinte ‘mil réis’ pra ‘tu’", diz ele
Em frente ao prédio do Tribunal Regional Eleitoral, um homem negocia as vagas exclusivas do TRE e cobra R$ 15 por quatro horas.
Jornal Nacional: Aqui está a placa do TRE. Não tem problema não?
Flanelinha: Não, pode deixar aqui. Tranquilo.
Os flanelinhas dão a entender que pagam propina para não serem incomodados.
No bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, região turística vizinha ao Maracanã, fica a Quinta da Boa Vista, bem perto de uma delegacia de polícia e de um batalhão da Polícia Militar. Lá o motorista é escoltado de bicicleta até um estacionamento irregular. “Aqui era área militar, aqui não tem erro nenhum não, cara”, afirma um flanelinha.
O preço é salgado, e o flanelinha explica por quê: “Aqui é Fifa, cara. Aqui não tem erro não”.
O estacionamento fica em frente ao Maracanã e perto do Morro da Mangueira. O espaço foi cedido para a Fifa durante a Copa do Mundo. Agora está abandonado e virou uma mina de ouro para os flanelinhas, que garantem que, lá dentro, a segurança é total.
A prefeitura do Rio disse que a implantação de parquímetros nas vagas de rua está em processo de licitação e que a Corregedoria da Guarda Municipal apura todas as denúncias envolvendo os agentes. Sobre o terreno usado pela Fifa, a prefeitura afirmou que a área está sendo cedida pela União à cidade do Rio de Janeiro.
Fonte: Jornal Nacional (TV Globo), 5 de julho de 2015