A concepção predominante sobre a estruturação das cidades é a compacta, onde haveria maior aproximação da moradia e trabalho e as pessoas poderiam fazer cerca de 80% das suas funções urbanas se deslocando a pé ou de bicicleta, dispensando um veículo motorizado. Consequentemente, dispensaria vagas de origem, reduzindo a ocupação nos edifícios nessas áreas compactas.
Mesmo assumindo a viabilidade da aproximação dos 80% das funções urbanas, com deslocamento não motorizado, como o cidadão realizaria os deslocamentos para os 20% restantes? Quando morador próximo a uma estação de metrô ou de trem urbano, a solução poderia ser um transporte público de qualidade. Para quem tem recursos, a alternativa é o táxi. Para os demais sobra o transporte por ônibus, nem sempre disponível.
Os polos compactos que reúnem grande volume de atividades econômicas que envolvem a necessidade de mão-de-obra, ou seja, do trabalho, produzem uma valorização imobiliária do entorno que inviabiliza, do ponto de vista de gastos, a moradia dos trabalhadores. Só têm possibilidade de morar nesses polos os que possuem mais renda e, consequentemente, possibilidade de adquirir um carro. Se não o tem, será por opção.
A tendência dessas pessoas é ter um carro para a movimentação dos 20% das suas funções urbanas que não podem ser feitas na própria região. O resultado é que aumentará a frota de veículos, a necessidade de estacionamentos, com redução da movimentação.
Eliminar as vagas para desestimular a aquisição de veículos poderá acabar na maior utilização da via pública para colocar os automóveis que não têm lugar nos edifícios.
A cidade compacta pode envolver a verticalização e o adensamento. A repercussão será a ocupação da via pública.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
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