A manifestação dos caminhoneiros responsáveis pelo abastecimento fez com que a Ceagesp ficasse fechada dia 28 o dia inteiro.
Os permissionários contestam os preços que serão cobrados pela entrada dos caminhões e carros no entreposto, que chamam de "pedágio": R$ 10 por 10 horas de permanência, e R$ 60 pela diária para caminhões. Carros pagariam R$ 6 por hora.
"Para o cliente não é vantagem", diz Manuel Gouveia, representante do setor de varejo. "Ele vai querer pagar estacionamento aqui, sem conforto nenhum, em vez de ir para um supermercado com manobrista e tudo?"
Caminhões
Para os atacadistas, no entanto, o grande ponto de discórdia é a cobrança de R$ 60 pela diária dos veículos de carga. A Ceagesp afirma ter feito um estudo que provou que 90% dos caminhões passam menos de 10 horas no entreposto e, portanto, pagariam apenas R$ 10. Mas Ivo Luiz Paim, um dos representantes da Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo (Apesp), contesta o cálculo. "A maioria vem e passa 12, 15 horas para fazer o abastecimento completo", conta.
O presidente da Ceagesp afirma que o objetivo da diária de R$ 60 é desestimular os caminhoneiros que costumam dormir no entreposto. Eles acabam usando a infraestrutura do local (água, banheiro), sem pagar nada.
Além disso, o dinheiro do estacionamento vai ser usado na contratação de agentes para organizar o trânsito de caminhões, instalação de câmeras em toda Ceagesp e, principalmente, segurança.
Edital
O estacionamento e o serviço de portaria serão de responsabilidade de uma empresa privada, cujo investimento será de R$ 21 milhões. O custo de operação por ano desses serviços está estimado em R$ 8 milhões. Para Maurici, a arrecadação mensal de R$ 600 mil da Ceagesp é pouco para as necessidades do entreposto.
De acordo com o cronograma estabelecido pelo edital, as propostas das empresas interessadas no negócio deveriam ser abertas no início de abril. Agora, uma nova data vai ser decidida quando o edital for relançado, já com as propostas dos permissionários. Após a assinatura do contrato, um projeto executivo deve ser desenvolvido e só depois, em meados de 2013, a cobrança do estacionamento pode entrar em vigor.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 29 de março de 2012