Nos meses de março e abril, a cidade bateu sucessivos recordes de vias congestionadas, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). De acordo com estudo da companhia, se considerarmos a média anual nos últimos dois anos, o pico de lentidão saltou de 86 km, em 2006, para 90 km, em 2007, no período da manhã, e de 114 km para 128 km à tarde. A média de 2008, seguindo a tendência dos últimos números, deve subir ainda mais.
Como conseqüência desse aumento desordenado de veículos em relação às vias, a velocidade média dos carros na capital caiu de 29 para 27 km/h, de 2006 para 2007, nos horários de pico. Para quem usa ônibus para se locomover, a lentidão é ainda maior: 12 km/h, de acordo com o SP-Urbanuss, sindicato que reúne as empresas de transporte urbano. O ideal, segundo estudo do órgão, seria de 20 km/h.
Existe solução para a cidade voltar a andar? "Diria que estamos caminhando para o caos no trânsito, e a uma velocidade média maior que aquela que enfrentamos atualmente nas ruas e avenidas da cidade. Mas não diria que o colapso é iminente, ainda há espaço para revertermos esta situação. A complexidade das soluções varia desde ações educativas voltadas aos motoristas até o término de obras complexas, como metrô e Rodoanel", afirma Dario Raiz Lopes, ex-secretário de Transportes do Estado de São Paulo.
Segundo a reportagem do UOL, as vias campeãs de lentidão no período da manhã são a Marginal Tietê (21,40%), seguida da Marginal Pinheiros (11,90%), Radial Leste (9,30%), 23 de Maio/Rubem Berta/M. Guimarães (6,50%) e Av. Bandeirantes (4%). As porcentagens representam a relação de cada corredor com o total de lentidão registrada nos períodos em toda a cidade.
Para Kassab, a principal origem do problema vem da falta de investimento da prefeitura no metrô nos últimos 28 anos. Entre as soluções praticadas atualmente, segundo o prefeito, destacam-se a implantação de novos corredores de ônibus - e a recuperação de sete dos dez existentes -, mais rigor na fiscalização, investimentos nos equipamentos da CET, instalação de semáforos inteligentes e GPS nos ônibus, investimentos no metrô, divulgação de 175 rotas alternativas, 19 obras em pontos de "gargalo" no trânsito, política de estacionamento e carga e descarga em 17 locais e a remoção de 167 lombadas em ruas e avenidas da cidade.
As fontes consultadas pelo UOL concordam que houve falta de cuidado com o transporte coletivo de São Paulo nas últimas gestões. Agora é tarde para remediar? "Existe solução para o problema de transporte coletivo em São Paulo. Para o trânsito de transporte individual, nunca mais", afirma Horácio Figueira, consultor de trânsito da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).
Além de estresse aos motoristas, o gargalo do trânsito de São Paulo traz também prejuízo aos cofres públicos. Segundo a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, o trânsito da região metropolitana de São Paulo gera um custo de R$ 4,1 bilhões por ano. A constatação tem como base estudos da FIA/USP (Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo), do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da FHWA (Federal Highway Administration), que convertem em dinheiro o tempo gasto pelas pessoas nos seus deslocamentos (R$ 3,6 bilhões), além do prejuízo causado pela poluição atmosférica (R$ 112 milhões) e com os acidentes de trânsito (R$ 312 milhões), anualmente.
Fonte: UOL/Últimas Notícias, 24 de abril de 2008