Vários critérios foram utilizados para caracterizar a "informalidade" dos negócios. Segundo César Ramalho, diretor do sindicato, foram incluídos nessa categoria os não sindicalizados (20 são filiados ao Sindepark), os que não se constituem como empresa, aqueles que não contratam funcionários de forma adequada e os que não têm alvará de funcionamento.
Para os proprietários, esse último item é o mais difícil de conseguir. "O Código de Obras e Posturas do Município é muito antigo para o centro, exige recursos que os estacionamentos às vezes não têm condições de dar lá", afirma César Ramalho. Ele cita como exemplo as exigências relativas ao acesso. De acordo com o código, os estacionamentos devem ter entrada e saída independentes e situadas em diferentes faces da edificação ou terem distância entre si de 15 metros no mínimo.
O diretor esclarece que o objetivo do censo era fortalecer a entidade, já tendo em vista um incentivo à formalização dos negócios. Mesmo assim, admite ter se surpreendido com a quantidade de informais. O mesmo não pode ser dito de Luiza Perdigão, titular da Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor). Atualmente, o órgão faz um levantamento quantitativo dos estacionamentos particulares no bairro, após questionamentos feitos pelo Ministério Público Estadual (MPE). A secretária afirma que a Prefeitura está ciente de que muitos estão irregulares, com base em estudos dessa área da capital.
Depois de serem contabilizados, a Prefeitura promete fazer um estudo da situação dos estacionamentos, de quantos têm alvará, por exemplo, e partir para o diálogo com os proprietários. A intenção não seria punir ou fechar os negócios. "Vamos ver com cada um o que pode ser feito do ponto de vista da regularização. Se o município vai construir um outro projeto de estacionamento para o centro, isso tem que ser feito de modo consensual com quem já exerce a atividade", reforça. Ela adianta que essa discussão também pode incentivar mudanças na legislação municipal.
A pesquisa
- De acordo com o Sindepark-CE, os bairros foram escolhidos pelo Sebrae. A única recomendação foi de uma pesquisa "o mais ampla possível".
- Os bairros com mais estacionamentos depois do centro, com 168, são Aldeota (47), Praia de Iracema (9), Benfica (8) e Meireles (5).
- O estudo estimou que os 257 estacionamentos contabilizam 15.898 vagas para carros.
- Os dados do estudo foram coletados por um processo de "varredura", em que os pesquisadores percorreram todas as ruas, cadastrando todos os estacionamentos pagos encontrados na área.
- A Prefeitura ainda não teve acesso ao censo encomendado pelo Sindepark, mas Luiza Perdigão afirmou que pedirá a colaboração da entidade.
- Enquanto não finaliza o diagnóstico no centro, a Sercefor suspendeu, por 180 dias, a concessão de alvarás a estacionamentos na região.
- No ano passado, a SER II também fez uma operação de fiscalização dos estacionamentos particulares no centro. 74,1% estavam irregulares.
Fonte: O Povo (Fortaleza-CE), 23 de outubro de 2009