Parking News

Há quase dois anos, o Guia lançou a campanha Vale o Valet? para ajudar os leitores a ficar de olho nos serviços de manobrista oferecidos por bares, restaurantes, baladas... Qualquer evento hoje em dia tem um guarda-sol na porta!

De lá para cá, dois decretos já regulamentaram a Lei dos Valets, mas o que mais mudou foram os preços, que hoje já chegam a R$ 20. Mais uma vez, saímos perseguindo carros para mostrar que as irregularidades ainda são muitas.

Principalmente sem a fiscalização adequada. É responsabilidade da CET? Da Guarda Civil? Se nem a Prefeitura sabe dizer direito, é melhor a população ficar atenta a quem entrega o carro. E se a Vale o Valet? Tiver que voltar, que volte.

Se essa rua fosse minha

Um dos pontos onde há mais reclamações sobre valet é a Praça Vilaboim, em Higienópolis: tanto por parte de motoristas como de moradores cansados de ver manobristas roubarem as poucas vagas nas ruas da região.

A vizinha Praça Buenos Aires é um dos "estacionamentos" preferidos. Os carros são deixados com os limpadores de pára-brisa levantados para serem identificados pelos manobristas. A mini van acima estava lá, guardada por um homem sem uniforme. 

Já em frente ao Bar da Praça, o manobrista da Snow Park entregou a mini van ao proprietário e até parou para conversar amistosamente com os fiscais da CET que passavam por ali - nada de errado com isto, já que, segundo a CET, o papel dos marronzinhos é de apenas autuar os carros estacionados em local proibido.

A lei só diz que a CET tem responsabilidade na fiscalização. Para não ter de disputar uma vaga com os estudantes da Faap, o cliente pagou R$ 8.

Demarcando o território

Na campanha Vale o Valet?, publicada pelo Guia em 2005, uma leitora contou que teve o carro deixado na calçada quando parou no bar Elephante, na Av. Lavandisca.

O gerente, na ocasião, explicou: "Temos seguro contra multas". Pelo que os manobristas do Valet Express (R$ 10) fizeram com os carros dos clientes no último sábado, eles devem continuar com a tal apólice. 

Demorou para que algum carro parasse no valet - a maioria das pessoas que passaram por ali não usou o serviço. Mas, na saída do restaurante, quando um cliente entregou a chave para pegar o carro de volta, o manobrista seguiu para o recuo de uma casa em frente.

Depois de entregá-lo ao dono, tirou um Palio que estava na rua para estacioná-lo justamente no espaço que vagou.  A vaga na rua, obviamente, não ficou... vaga. Em seguida, o manobrista caminhou lentamente até ela com um cone na mão. Pronto! Virou particular de novo.

Mas os estacionamentos preferidos são os recuos, que estavam lotados no sábado. Questionado, um homem de terno em frente ao guarda-sol disse que o valet "possui estacionamento". Onde? "Não sei, sou novo aqui."

Barraco no quiosque

No meio da madrugada, os bares da Vila Olímpia começaram a esvaziar. Para agilizar a saída dos clientes do Salinas, na esquina das ruas Quatá e Ribeirão Claro, os manobristas do Tudon Park pegaram vários carros de uma vez do estacionamento, na R. Cavazzola. "Aqui, todo mundo quer o carro rápido", explicou o funcionário do valet.

Para Erick Munhoes, 23 anos, o serviço não foi tão eficiente: pararam seu Peugeot 307 na faixa de pedestres. E ele foi multado. Exaltado, Erick recusou-se a retirar o carro dali. E a briga piorou depois que um homem forte, que se disse policial militar, começou a gritar com a vítima, em tom de ameaça.

Para amenizar a discussão, um funcionário do Tudon Park avisou o motorista que a empresa se responsabilizaria pela multa. Pela Lei dos Valets, os estabelecimentos que contratam este tipo de serviço, "ainda que verbalmente", são responsáveis por danos aos veículos, como as multas. 

No fim da noite de domingo, o Guia presenciou o funcionário de um valet estacionando uma Zafira no recuo de uma casa da R. Wisard, ao lado do bar Piratininga, na Vila Madalena. Depois de notar a presença do fotógrafo, ele esperou para retornar ao local onde trabalhava. Saiu a pé, virou a esquina com a R. Girassol e se escondeu atrás de um carro. Entrou na R. Purpurina e ficou atrás de um poste - tempo suficiente para chamar os colegas que, em seguida, perseguiram o carro da reportagem até a Av. Sumaré (com o carro de um cliente).

Comodidade a qualquer custo

Enquanto alguns motoristas são enganados, outros preferem se enganar. "Pode parar em frente?", perguntou o funcionário da Quick Park ao dono do jeep preto, que prontamente aceitou, ao chegar à Lanchonete da Cidade, na Alameda Tietê.

Pouco antes, a vaga foi deixada por um senhor, que também pagou os R$ 10 sem se preocupar com o dinheiro jogado fora. "Muitos clientes preferem assim, é mais cômodo", explicou o manobrista. De fato, logo depois, outro cliente aceitou a gentileza. Será que não sabem que poderiam estacionar ali de graça? 

Andrea Matarazzo
Secretário das subprefeituras

Secretário, o decreto do prefeito Gilberto Kassab, que regulamenta a Lei dos Valets, simplifica a fiscalização...
Ele simplifica a fiscalização, sim. Para ter uma empresa de valet é necessário autorização de embarque e desembarque, convênio com o estacionamento, seguro. A multa é de R$ 5 mil.

E o que de fato mudou com o decreto, já que a lei de 2004 responsabiliza o estabelecimento que trabalha com um valet irregular?
Agora, tanto o estabelecimento como o valet perdem o TPU (Termo de Permissão de Uso).

Como é feita a fiscalização?
A gente vai pelas reclamações dos munícipes.

Então, não há uma fiscalização regular?
Até tem. (silêncio)

E qual a regularidade?
Geralmente é mais direta. Como temos muita coisa para fazer (são 700 agentes para fiscalizar tudo em São Paulo), trabalhamos pelas prioridades. Acontece, infelizmente.

Os marronzinhos devem exigir dos valets a autorização de embarque e desembarque (emitida pela CET)?
Eles podem fazer isso.

E fazem?
Não tenho certeza, fale com a minha assessora, estou com pressa.

Percival Maricato
Associação de bares e restaurantes

O que acha dos valets que deixam os carros de clientes na rua, em frente ao estabelecimento, mesmo com convênio de estacionamento?
Por mim, tudo bem. Desde que a empresa tenha seguro e pague se houver avaria. Hoje em dia, simplesmente não tem jeito.

Qual sua opinião sobre a atual lei?
Ela deveria ser mais branda. Com tantas exigências, o preço de um valet regular é de R$ 15 a R$ 20. Como um morador da periferia, que pretende gastar menos que isto no restaurante, vai pagar este valor para parar o carro?

O que o senhor recomenda aos donos de restaurantes e bares?
Fazer um contrato por escrito e conferir se a empresa é idônea. Mas, se o proprietário quer oferecer um serviço totalmente legalizado para o cliente, terá de dividir os custos com a empresa de valet.

Qual seria a solução?
Na verdade, o valet é a pior solução, mas é um mal necessário. O Estado deveria mesmo é investir em transporte público.

Acha que a fiscalização aumentou?
Para mim, não está acontecendo nada. Estão preocupados com a Lei Cidade Limpa.

Com a palavra, os valets

Em seis anos de existência, a Associação das Empresas de Valet de São Paulo (Avesp) perdeu 39 membros - a maioria desestimulada a cumprir a lei e ter de concorrer deslealmente com empresas totalmente irregulares. 

Totalmente, porque não existem as regulares, apenas as quase. Por causa da dificuldade em conseguir um Termo de Permissão de Uso (TPU) da Prefeitura, o diretor jurídico da Avesp, Syrius Lott Junior, afirma que "não existe alguém que tenha o TPU".  "Entendo o lado da Prefeitura e a apoiamos", diz Syrius, que explica como é possível ainda não haver nenhuma empresa de valet regularizada.

Pela lei, os estacionamentos conveniados aos valets não são fiscalizados do mesmo modo que os estabelecimentos que contratam o serviço. "E um valet não consegue o TPU se o estacionamento que a empresa aluga não tem alvará", diz. Syrius sugere que a Avesp trabalhe em conjunto com a Prefeitura para auxiliar na fiscalização. "Mas o Andrea Matarazzo nunca me atendeu."

Hoje, a Avesp tem 27 associados. O dono de uma empresa de valet, que não quis se identificar, apontou outra razão pela ausência de TPUs: a dificuldade em conseguir a autorização de embarque e desembarque emitida pela CET. "A CET diz que a Prefeitura não especificou o que eles têm de fazer. Então, não fazem nada."

Entenda a Lei dos Valets

A empresa de valet deve ter local adequado para estacionar o carro dos clientes. O endereço deve ser informado.

A empresa deve ter seguro contra incêndio, furto, roubo e colisão de veículos.

Os manobristas têm de trabalhar devidamente uniformizados, identificados e habilitados, além de passar por curso profissionalizante de, no mínimo, oito horas.

Emissão obrigatória de recibo aos clientes.

Era grátis

O restaurante Fasano passou a cobrar pelo valet há dois anos. Segundo a assessoria, havia gente que parava de graça lá só para "passear pelos Jardins". Agora custa R$ 12.  A churrascaria Fogo de Chão passou a cobrar  R$ 5 há 6 meses. O proprietário Arri Coser diz que o serviço foi terceirizado para os manobristas que trabalhavam para ele.

É grátis

Estacione à vontade para comer nos restaurantes Windhuk, Takô, Baby Beef Morumbi, Barra Baiana, Barbacoa, Bassi, Bracia Parrilla, Búfalo Grill, Galinhada do Bahia, Jardim de Napoli, Jardineira Grill, Pilão Mineiro, Vicolo Nostro e nas casas do grupo Rubaiyat.    

Caro a qualquer hora

O horário não influi no preço do valet. O do teatro Alfa, por exemplo, sai R$ 18 às 17h30 para o infantil Um Patinho Feio. Mais que o do Café de la Musique (R$ 15).

Shows - as casas menores vão de R$ 10 a R$ 12. As grandes, como Citibank e Credicard, R$ 20, o mais caro da cidade.

Restaurantes - em média, de R$ 8 a R$ 10. No almoço geralmente é mais barato. Em alguns, é cortesia. O mais caro é o do Skye (R$ 15).

Bares - sai de R$ 10 a R$ 12. Poucos, principalmente no centro expandido, não cobram pelo serviço de manobrista.

Balada - de R$ 10 a R$ 12. O mais abusivo é o da Pacha: R$ 20.

Teatro/ teatro infantil - são poucos com valet. Os preços vão de R$ 7 (Teatro Jardim São Paulo) a R$ 18 (Alfa).

Por região

Fora do centro expandido, que segue o padrão acima, os preços caem. Na Av. Luís Dumont Villares, na Zona Norte, vai de R$ 2 a R$ 9. Na Zona Leste, muitos nem oferecem o serviço. Mas há os que cobram o mesmo que na região central. Menos em restaurantes, como o Don Carlini, que cobra R$ 5 no jantar. A não ser em Moema, a Zona Sul tem bons preços. No Oliva, no Brooklin, sai de R$ 4 a R$ 6, abaixo da média.

Quanto pesa na conta?

Vá de ônibus e metrô, fuja do valet e deixe para gastar apenas dentro do estabelecimento.

Teatro

Alfa - sem o valet (R$ 18) você leva mais uma criança para ver Um Patinho Feio (R$ 10) e ainda fica com R$ 8 no bolso.

Shows

Tom Jazz - A meia-entrada para ouvir a Céu cantar (R$ 15) compensa ir de ônibus e não pagar o mesmo preço para parar o carro.

Balada

Pacha - o valet é R$ 20. Por mais R$ 20, é mais uma mulher na pista.

Bares

Filial - sem carro, economize R$ 10. Afinal, são dois chopes (R$ 3,80).

6:01 - lá dá para beber mais 3 chopes, pois estacionar custa R$ 12.

Restaurantes

Skye - claro que você vai gastar uns R$ 150 para comer lá. Mas sem o valet (R$ 15), já dá para garantir o couvert de R$ 9.

Fasano - esbanje e peça logo dois couverts sem precisar pagar os R$ 12 do valet.

Blu - não deixar o carro com o manobrista pagando R$ 10 significa um couvert a mais na mesa (R$ 6) e R$ 4 para a caixinha.

Quem fiscaliza?
Ações das subprefeituras

1. Sé (Cambuci, Sé, Liberdade, Bela Vista, Consolação, República, S. Cecília e Bom Retiro)
23 fiscais - Fiscalização em bares, restaurantes e casas noturnas, mas nada específico para valets.

2. Pinheiros (Pinheiros, Jd. Paulista e Itaim Bibi)
25 fiscais - Vistoria semanal e atendimento de denúncias.

3. Butantã (Raposo Tavares, Rio Pequeno, Butantã, V. Sônia e Morumbi)
18 fiscais - Só fiscalizam mediante denúncia.

4. Lapa (Lapa, Barra Funda, Perdizes, Vila Leopoldina, Jaraguá e Jaguaré)
18 fiscais - Há fiscalizações diárias e, às vezes, operações específicas.

5. Mooca (Pari, Brás, Belém, Tatuapé, Mooca e Água Rasa)
15 fiscais - Ações quinzenais, não especificamente para valets, em geral
com a guarda civil metropolitana. Até agora, fez 13 apreensões de balcões e guarda-sol (multa de 500 reais para cada conjunto retirado).

6. Santana (Santana, Tucuruvi e Mandaqui)
20 fiscais - As fiscalizações são diárias.

7. Santo Amaro (S. Amaro, Campo Belo e Campo Grande)
26 fiscais - Há fiscalizações diárias e atende também denúncias.

8. Vila Mariana (V. Mariana, Moema e Saúde)
12 fiscais - Fiscalizações quinzenais. Depende também das denúncias de moradores. Fizeram até agora 14 notificações.

Fonte: O Estado de São Paulo (São Paulo), 25 de maio de 2007

 

Categoria: Mercado


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