Segundo o relatório da Companhia de Tecnologia Ambiental (Cetesb), em 2006 a Região Metropolitana de São Paulo teve o pior índice de poluição dos últimos dez anos. Os principais vilões são os mesmos que mantêm os moradores presos horas nos engarrafamentos: os veículos.
A indústria , que antes dividia a culpa pela nuvem de fumaça visível no ar, já se adequou aos novos tempos e conseguiu minimizar suas emissões.
O prefeito Gilberto Kassab, empolgado com a boa repercussão da primeira fase do Programa Cidade Limpa, de combate à poluição visual, agora pretende colocar em ação a segunda, de melhoria das condições atmosféricas.
Promete adotar medidas que, no máximo em três anos, permitam a redução de 30% na poluição do ar. Uma é a inspeção mecânica de veículos, prevista no Código de Trânsito Brasileiro e à espera de uma definição do Congresso desde 2001.
Números fornecidos pelo Ibama prevêem que a inspeção poderia reduzir em até 40% os índices de alguns poluentes na atmosfera. Esse dispositivo legal ainda não foi aplicado por causa de uma disputa entre governadores e prefeitos, pela possibilidade de arrecadar recursos com o serviço.
Enquanto permanece o impasse, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo já está estabelecendo as normas para a licitação de radares com sensores infravermelhos que podem medir a emissão dos veículos. Cálculos indicam que pelo menos 20% da frota de 5,5 milhões de carros de São Paulo têm mais de 20 anos.
Com a inspeção, cerca de 30% deles sairão de circulação. A Prefeitura também vai criar condições para que caminhões e ônibus usem biodisel e filtros para diminuir a emissão de poluentes. Decreto define ainda que apenas caminhões cadastrados poderão circular na zona central. E os 15 mil ônibus da Região Metropolitana passarão por modificações.
Soluções que dão respiro
Pedágios, incentivos ao uso de bicicletas com a construção de ciclovias e demolições são algumas medidas que cidades ao redor do mundo estão adotando para reduzir as emissões de poluentes dos automóveis.
Bogotá, na Colômbia, por exemplo, criou um sistema de vias exclusivas para bicicletas de 330 quilômetros que aperfeiçoou o perfil do transporte local. A cidade planeja expelir menos de 2,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2010 com as ciclovias e um projeto de corredores de ônibus.
Em Londres, a adoção de uma taxa de pedágio diária para quem circula no centro permitiu redução de um terço nos congestionamentos. Com isso, os índices de nitrogênio e fumaça preta caíram 13% e 15%, respectivamente.
Seul, na Coréia do Sul, adotou uma medida que, se aplicada em São Paulo, deve causar muita polêmica. A prefeitura demoliu vários viadutos, similares ao Minhocão, que cortavam o centro da cidade, desviando o trânsito e modificando o traçado das vias urbanas.
O rio que passava sob o complexo viário foi revitalizado e a temperatura da região caiu 3ºC, por causa da diminuição dos gazes poluentes.
Fonte: Folha de São Paulo (São Paulo), 05 de junho de 2007