Para amortizar os impactos seria necessário construir uma avenida como a Paulista por semana na cidade - medida obviamente inviável. A maioria dos técnicos considera que não há Rodoanel, limitação ao transporte de carga, expansão da rede do metrô ou modernização de semáforos capaz de reverter a tendência de restrição ao carro, ainda que possa postergá-la.
Há quem acredite que, assim como Londres, São Paulo vai aderir ao pedágio urbano. Outros apostam na restrição ao estacionamento em via pública. Alguns avaliam que a restrição ao transporte individual será somente física, com a priorização dos coletivos. Ou seja, com mais corredores de ônibus, carros perderão espaço. A construção de mais linhas de metrô está longe de ser considerada suficiente para contornar a piora do trânsito.
Jaime Waisman, professor da USP, no curto prazo, defende restrição de estacionamento e ampliação dos corredores. O consultor Flamínio Fichmann aposta numa perspectiva mais radical, a do pedágio urbano, sob risco até de a piora do trânsito resultar em mais impopularidade do que a decisão pela cobrança.
"Apesar de a via ser pública, ela é apropriada de forma individual. Quem usa carro tende a se deslocar mais. E quem usa mais tem que pagar mais, como é com um telefone", defende Vernon Kohl, também favorável ao pedágio urbano, embora acredite que a medida seja "coisa para quatro, cinco anos". Até lá, avalia Kohl, as viagens de automóvel devem ser reprogramadas. O especialista Bernardo Alvim aposta em medidas radicais em favor do transporte coletivo.
Fonte: Folha de S. Paulo, 25 de agosto de 2008