Ao menos 40% dessas construções estão espalhadas pela Mooca, Vila Prudente, Butantã, Vila Leopoldina, Perdizes, Pompéia, Jaguaré, Jardim da Saúde, Morumbi, Vila Mariana e Ipiranga. Em algumas áreas, em que grandes condomínios foram entregues recentemente, os antigos moradores já sentem dificuldades de locomoção em vias onde isso não acontecia antes. É o caso da Vila Leopoldina, na Zona Oeste, onde, além de ruas congestionadas, boa parte do trânsito desemboca na Marginal do Pinheiros. Foram 30 lançamentos de janeiro de 2006 até junho deste ano. "Esses grandes prédios são construídos sem planejamento. Depois que terminam as obras, as construtoras vão embora sem se preocupar com a saturação", diz José Benedito Morelli, presidente do Conselho das Sociedades Amigos de Bairro da Lapa, que congrega 42 entidades.
A arquiteta e urbanista Maria do Carmo Vilariño, professora das Universidades Ibirapuera e Paulista, diz que a verticalização em bairros de classe média e alta traz mais carros, já que esse público não costuma usar transporte público. Para ela, é preciso planejamento por parte da Prefeitura. "A verticalização ocorre de forma atropelada e o planejamento vem depois. Isso é histórico em São Paulo: primeiro fazer, para depois se planejar."
O engenheiro João Cucci, professor de Engenharia de Tráfego da Universidade Mackenzie, também defende um planejamento rígido por parte dos órgãos públicos. Para ele, as medidas de compensação feitas pelos empreendimentos nem sempre são satisfatórias. A legislação prevê que só os empreendimentos residenciais com mais de 500 vagas são considerados Pólos Geradores de Tráfego (PGT) e precisam fazer compensações viárias.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 25 de agosto de 2008