A reportagem fez oito perguntas sobre o trânsito e legislação - todas as ligações usaram informações verídicas e foram gravadas.
Em quatro ligações feitas anteontem, uma das respostas do atendente resume a funcionalidade do serviço e a realidade das ruas paulistanas. "Esse horário é realmente complicado no trânsito. Infelizmente, se você precisa passar por lá, nós não temos no nosso registro alternativas", disse rindo uma funcionária do órgão, depois de ser perguntada sobre o tráfego na Marginal do Tietê.
Outra resposta poderia resultar em infrações. A reportagem quis saber se um Veículo Urbano de Carga (VUC) com final de placa 4 poderia rodar no centro expandido numa quarta-feira - segundo a legislação, eles obedecem a um rodízio de placas pares e ímpares das 10 às 16 horas e estão liberados das 21 às 5 horas; nos demais horários, estão proibidos. O atendente, no entanto, criou a própria lei. "Hoje é quarta-feira? Um... dois... três... quatro... (contando). Quarta-feira pode. O rodízio de caminhões segue o rodízio de carros, a mesma placa. O senhor não pode rodar de terça-feira", disse.
A instalação do serviço custou R$ 7,6 milhões. Para o advogado Ciro Vidal, presidente da Comissão de Assuntos e Estudos Sobre Direito de Trânsito da OAB-São Paulo, as informações dadas podem ser consideradas oficiais da CET - ou seja, se o motorista receber multa por seguir um dado errado é possível recorrer. "É bom sempre anotar o protocolo da ligação ou mesmo gravar", diz. "Obviamente vai dar para recorrer, pois você está sendo iludido pelo funcionário da CET."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 6 de fevereiro de 2009