Segundo a Folha de S. Paulo, a crise não afetou, porém, a disposição de comprar alimentos, roupas e calçados, produtos de limpeza e de higiene pessoal - os chamados bens semi ou não-duráveis. Mais de 50% dos entrevistados afirmaram que não elevaram nem reduziram o consumo de tais itens. Mesmo as pessoas com renda de até cinco salários mínimos não cortaram alimentos da cesta de compras. Nessa faixa de renda, 54% negaram alterações no consumo, 19% disseram que reduziram o consumo e 27%, que compram mais.
Claudio Dedecca, pesquisador da Unicamp, destaca que o crescimento econômico do país entre 2003 e 2007 não foi suficiente para que o País tivesse uma taxa de desemprego moderada. Essa é a razão, diz ele, pela qual a redução do consumo não se acentuou. "O país voltou a crescer, mas passamos por um período longo de inflação, perda de renda e desemprego. A memória está mais ligada à época difícil que à época positiva. Conviver com o desemprego não é algo novo."
O pesquisador argumenta, entretanto, que as famílias recompuseram a renda nos últimos anos e aumentaram o consumo porque mais integrantes da família começaram a trabalhar, e não porque o salário individual teve ganho expressivo. Com o aumento do desemprego e a perda desses salários complementares, o fôlego que impulsionou o avanço da economia pode ser interrompido.
Entre os entrevistados pelo Datafolha, 5% já atrasaram o pagamento do cartão de crédito, 6% de carnês de loja e 3% do cheque especial. O percentual é de 1% para os que têm imóvel ou veículo financiado.
Fonte: Folha de S. Paulo, 9 de fevereiro de 2009