Tempo útil esgotado
Para o engenheiro de tráfego Horácio Augusto Figueira, o rodízio só contribuiu para a diminuição do trânsito nos três primeiros anos. "Se a frota não tivesse crescido, tudo bem. Mas o cidadão procura alternativas para continuar utilizando seu veículo", analisa o mestre em engenharia de transporte pela USP (Universidade de São Paulo). Uma das opções foi a compra do segundo automóvel. De acordo com pesquisa realizada por Horácio em 2009, encomendada pelo Sindepark (Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo), um a cada quatro paulistanos comprou outro carro devido ao rodízio municipal.
De acordo com levantamento divulgado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), desde 1997 até 2009, a frota paulistana cresceu 43,2%. Além disso, antes do rodízio entrar em vigor, o tráfego fluía a uma média de 17,5 km/h no horário de pico. Em 2009, o índice caiu para 11 km/h. Esses números comprovam o tempo útil já esgotado do rodízio de veículos.
Restrições e vias expressas
Em 2010, o prefeito Gilberto Kassab restringiu o tráfego de caminhões em algumas vias da cidade e este ano já apresentou um plano de construção de vias expressas em forma de anéis para amenizar o trânsito. "Essas medidas não resolvem o problema. Enquanto o poder público não ofertar um transporte coletivo com qualidade, o caos continuará", explica Horário.
Além disso, o especialista diz que falta o poder público elaborar pesquisas para saber se a solução apontada realmente irá melhorar o tráfego. "A prefeitura restringiu os caminhões na Avenida dos Bandeirantes, mas hoje ainda há trânsito. Isso acontece porque os motoristas que não utilizavam a via migraram para lá, já que não há mais caminhões trafegando", explica Horário.
Fonte: Jornal do Trem (Sul), 4 a 10 de fevereiro de 2011