Parking News

Por Jorge Hori*

Segundo uma perspectiva simplista, sim. Supõe-se que o motorista, diante da dificuldade de encontrar vaga para estacionar o seu carro, deixaria de usá-lo, transferindo-se para o transporte coletivo.
Porém, a reação dos motoristas não é igual para todos. Os empregados que trabalham nesses locais, que buscam a vaga gratuita em via pública, diante da dificuldade de estacionar o seu carro, tenderão a se transferir para o transporte coletivo, buscando manter-se no emprego. Trabalhadores de maior remuneração poderão se dispor a ter um custo adicional, contratando uma vaga paga, como mensalista, sem se transferir de emprego ou do modo de transporte. Os dirigentes ou empresários irão se dispor a pagar por uma vaga ou poderão mudar o local do seu estabelecimento, escritório ou consultório. Alguns deles têm vagas próprias, não dependem de vagas públicas e não se sentirão afetados por eventuais reduções de vagas nas vias públicas.
Se as restrições forem muito fortes, afetando não só as vagas públicas, como também as vagas privadas, o decisor pode ser levado a mudar o local da sua atividade econômica, causando a redução de empregos na área. A atração de automóveis se reduzirá, os congestionamentos também, mas à custa do esvaziamento de área. Ou do seu empobrecimento. As atividades de maior renda serão substituídas por outras de menor renda, empreendidas e frequentadas por pessoas sem carro. Isso ocorreu em algumas áreas do centro histórico.
Já os clientes que vão à área só eventualmente, com o seu carro, num primeiro momento ampliarão o congestionamento, pois ficarão circulando pela área em busca de uma vaga para estacionar. Segundo pesquisas, essa busca por uma vaga é um dos principais causadores de congestionamentos nas áreas centrais ou polos de serviços.
Tendo dificuldade de encontrar vagas gratuitas, esses clientes podem adotar três comportamentos alternativos: o primeiro, desejada pelos especialistas em transportes e autoridades públicas, é que ele se mantenha como cliente de algum estabelecimento da área e, nas viagens subseqüentes, use o transporte coletivo. O segundo, é que ele busque uma vaga paga. O terceiro, o mais provável, é que mude de local de destino, buscando outras áreas. Diante dessa reação do cliente, alguns prestadores de serviços podem se mudar da área, buscando outra com menores restrições. Esse comportamento leva também ao esvaziamento ou empobrecimento da área com as restrições.
O principal segmento afetado pelas restrições é o comércio varejista, que tem perda de clientela.
Os congestionamentos, assim como os estacionamentos, não são fenômenos primários, embora os mais visíveis, e por isso geram falsas impressões com relação às causas. A sua causa primária não é o tamanho ou o aumento da frota de veículos, mas a atração de pessoas de forma concentrada a uma determinada região, em função de concentração de empregos e de atividades econômicas, culturais e outras.
As restrições a vagas ou ao acesso de carros a essas áreas promovem - efetivamente - a redução dos congestionamentos, mas pelo seu esvaziamento ou empobrecimento.
Em síntese, não há possibilidade de revitalização dos centros históricos sem uma adequada oferta de vagas para estacionamento de automóveis.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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