As motos também superam a frota de automóveis nos Estados do Acre, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins (na Região Norte), Ceará, Maranhão e Piauí (no Nordeste) e Mato Grosso (no Centro-Oeste), segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), com base em registros de licenciamentos do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Para a Honda, que sozinha detém 80% das vendas de motos no País, as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste passaram a responder, neste ano, por metade dos negócios da marca. "No Sul e no Sudeste já há uma certa saturação do mercado", diz Alexandre Cury, gerente-geral comercial da Moto Honda.
A maior participação de motos é no Maranhão, onde 67% da frota (677,6 mil unidades) é desse tipo de veículo. Em segundo lugar está o Piauí, com 65% (462,7 mil). São Paulo tem a maior frota em números absolutos - 4,6 milhões de motos, mas equivalente a 23% quando confrontada ao número de automóveis.
Os números do Denatran foram atualizados em julho, mas a frota divulgada pelo órgão não leva em conta a "taxa de mortalidade" (veículos que deixam de circular por vários motivos, como acidentes com perda total).
Atualmente, Norte, Nordeste e Centro-Oeste abrigam 23% da frota nacional de motocicletas e têm mais espaço para crescer, especialmente no interior. Sul e Sudeste têm situação semelhante à que ocorre com os automóveis, de substituição de frota, diz o diretor da consultoria ADK, Paulo Roberto Garbossa.
Norte e Nordeste, contudo, não estão imunes à retração das vendas verificada desde o ano passado no segmento de duas rodas, embora a queda verificada seja inferior à de outras regiões e à do próprio mercado.
Em relação a 2011, o melhor ano para o setor, as vendas totais caíram 15,6% em 2012. No Sul e no Sudeste, as quedas foram de 18,5% e 19,7%. No Norte e Nordeste, de 3,4% e 13%. O Centro-Oeste também teve redução expressiva, de 19,3%.
Segundo projeções da Abraciclo, as vendas totais neste ano vão cair novamente - cerca de 6,5% -, para 1,53 milhão de unidades, o mais baixo volume desde 2006. Até setembro, a queda acumulada está em 9%.
Jegue
Em duas décadas, os negócios com motos saltaram de 67,9 mil unidades para o recorde de 1,94 milhão em 2011. O surpreendente desempenho foi creditado, em grande parte, à substituição dos jegues no Nordeste, dos cavalos nas fazendas, das bicicletas nas cidades e à popularização dos motoboys - tudo facilitado pelo crédito farto.
Em 2012, o financiamento passou a ser mais restrito em razão da alta inadimplência e causou um freio no crescimento. O segmento mais prejudicado é o de motos de até 150 cc, cujas vendas de janeiro a setembro deste ano caíram 10% ante igual período de 2012. Essa faixa corresponde a 86% dos negócios.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 27 de outubro de 2013