Na semana passada, Daniela Gonzalez, ex-executiva da BGE, braço da Brookfield que administrava o shopping até o final de 2011, disse à Folha que o empreendimento forneceu, em 2008, documento falso à prefeitura atestando o número de vagas.
O contrato foi aceito mediante pagamento de propina, segundo a ex-executiva. A BGE nega as irregularidades.
Pelo documento, o shopping teria, além das 1.524 vagas no local, outras 470 em dois outros estacionamentos.
O papel, que segundo Daniela é falso, venceu em 2011. Após fiscalização da prefeitura no dia 15, o shopping apresentou novo contrato, assinado naquele dia, renovando o convênio com as empresas.
Uma delas fica a um quilômetro do shopping.
"Inexiste qualquer ilegalidade no fato de as vagas distarem mais de 200 metros do Higienópolis, uma vez que há manobristas à disposição para levar os carros da clientela até lá e buscá-los."
Questionado se os manobristas já estão à disposição, o shopping informou que "o contrato com o estacionamento terceirizado foi renovado na semana passada". "Logo, o sistema está habilitado e funcionará na medida em que for necessário."
Dia 17, porém, a Folha esteve no shopping entre as 17h30 e 18h e conversou com três funcionários ligados ao estacionamento. Todos disseram que desconhecem o serviço.
Já nas garagens conveniadas (na rua Itacolomi, 682, e Maranhão, 371), a informação é que não há convênio.
Foi a primeira manifestação da nova administração que assumiu o Higienópolis no final de 2011 no lugar da BGE, do grupo Brookfield.
Nova direção
A nova direção é ligada aos sócios detentores de 70% do empreendimento (Agropart, Art Walk, Braz Empreendimentos, Fundação Conrado Wessel, Niko Participações e Rio Bravo). Os outros 30% continuam com a Brookfield.
"Os lojistas, sócios e administradores não têm qualquer compromisso com eventuais erros cometidos no passado por terceiros", diz a nota.
Prefeito diz que poderá cassar alvará de prédio
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse dia 16 que o shopping tem 15 dias para tentar provar a legalidade do contrato com estacionamentos. Caso não consiga, deverá ter cassada sua licença de funcionamento.
De acordo com o subprefeito da Sé, Nevoral Alves Bucheroni, essa cassação poderá ocorrer após o término de um processo.
Na última sexta-feira, 15, a prefeitura multou em R$ 1,5 milhão o shopping por não ter apresentado documentos que comprovassem um contrato com dois estacionamentos.
Bucheroni disse que o shopping pode ter estacionamentos conveniados a mais de 200 metros de distância, desde que tenha manobristas para levar os veículos até lá, sem custo. "Estamos descobrindo agora que o shopping não estava levando os carros para esses estacionamentos."
Fonte: Folha de S. Paulo, 18 de junho de 2012