A reportagem constatou que na Rua Doutor Albuquerque Lins, na região central, se chegou ao desplante de montar um eficiente "esquema" para a reserva de vagas. Quando um morador quer deixar o carro na rua por algum tempo, um responsável pelo condomínio avisa por rádio o vigilante da redondeza, que imediatamente desloca um cavalete da calçada para a rua. "É só por alguns minutos", tentou justificar um vigilante pago por três prédios situados perto da esquina daquela rua com a Alameda Barros quando surpreendido.
Blocos de concreto e caixas de tinta cheias de cimento também são usadas para aguardar cargas. E na Avenida Sumaré, na zona oeste, o dono de um imóvel pintou várias listas amarelas em frente à sua garagem, como forma irregular de advertir que ali é proibido estacionar. Estes são apenas alguns exemplos de intervenções que só podem ser feitas pela CET e se ela decidir que são necessárias não para atender aos interesses desta ou daquela pessoa isoladamente, mas aos do conjunto da população. Se esse comportamento se generalizar, instaurando-se uma espécie de salve-se quem puder, ou uma versão da "lei de Gerson" para o trânsito, a que manda cada um "levar vantagem", a circulação na capital só tende a piorar. A opinião do empresário Wilson de Godoy, revoltado com essas práticas, resume bem a situação e o sentimento da imensa maioria dos paulistanos: "Todos pagam impostos, não deve haver privilégio". A primeira coisa a fazer para acabar com isso é a CET cumprir sua obrigação de coibir esses abusos. Diz ela que seus agentes removem cones e cavaletes irregulares. Como a realidade mostrada pela reportagem, e que pode ser constatada por qualquer observador minimamente atento, não coincide com o que afirma a CET, está na hora de o prefeito Gilberto Kassab tomar as providências necessárias para obrigá-la a passar das palavras aos atos.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 14 de junho de 2012