Parking News

Não há mais limite para o preço dos estacionamentos nos maiores polos empresariais da cidade de São Paulo. Em regiões como as das Avenidas Paulista, Engenheiro Luís Carlos Berrini e Brigadeiro Faria Lima, as vagas mensais já chegam a custar mais do que um salário mínimo (R$ 622). Algumas encontradas pela reportagem do jornal O Estado cobram R$ 650 dos mensalistas.
Apesar dos preços mais do que salgados, continua difícil encontrar vagas. Grande parte das empresas que atuam nesses endereços trabalha com fila de espera por uma vaga mensal. E ainda tem o horário: por mais caros que sejam, os estacionamentos têm hora para fechar, o que obriga os clientes que fazem hora extra no trabalho a ter de retirar o carro até as 21 horas, para então voltar ao serviço.
Na Faria Lima, o valor da vaga vai aumentando quanto mais distante o estacionamento está do Largo da Batata, onde funciona a Estação Faria Lima da Linha 4-Amarela do Metrô. O estacionamento mais caro de lá, na altura do número 1.884 da via, custava R$ 500 há dois meses.
"Hoje mesmo já vieram uns três procurar vaga. Só tem se for para um carro só. Tem uns que se espantam com o preço, outros querem mesmo assim", disse um funcionário do estabelecimento que só concordou em dar entrevista se não tivesse o nome publicado. O gerente do estabelecimento não quis falar com a reportagem.
Shopping como opção
Uma dica de quem frequenta a região da Faria Lima apenas esporadicamente é parar nos shoppings - Iguatemi ou Eldorado. Apesar de caros - duas horas custam R$ 12 -, os valores são menores do que os R$ 15 cobrados pela primeira hora, em média, nas garagens dos prédios vizinhos.
Já quem não tem opção, exceto parar o carro por ali, tenta achar explicações para valores tão altos. "Eles enfrentam um aluguel muito alto e a gente paga o preço do aluguel deles", diz o engenheiro civil Marcos Ozores, que estacionou seu automóvel por duas horas e pagou R$ 25 - o preço de uma refeição. No entanto, há quem ache que não está levando um prejuízo tão grande, como afirma a bancária Sara Portela, cliente mensalista do estacionamento mais caro da avenida. "Por causa do convênio do estacionamento com minha empresa, desembolso R$ 270. Caro, né? Mas dizem que na Paulista é pior!"
As garagens da Avenida Paulista, que tem três estações de Metrô, não são mais baratas do que as da Faria Lima. Lá, a vaga mensal chega a R$ 450. Mas é possível encontrar locais cobrando até a metade disso. Em um estacionamento ao lado do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o valor é de R$ 280. "Só está esse preço porque ainda tem vaga", revela um funcionário.
No caso de lugares avulsos, os valores mais caros encontrados pela reportagem estão na Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul da cidade: R$ 52 a diária. "É caro. Mas não tem jeito, não tem opção. É o preço dessa região mesmo", conforma-se a consultora em Tecnologia da Informação Fernanda Frolini.
Saída pela CPTM
O transporte público de alta capacidade mais próximo da Faria Lima e da Berrini é a Linha 9-Esmeralda da CPTM. Do ano passado para cá, a linha dobrou o número de usuários e hoje bate na casa dos 600 mil usuários por dia. Esse ramal tem ficado conhecido, entretanto, pela série de panes que deixam as plataformas lotadas no horário de pico. Foram cinco casos neste ano, classificados pela companhia como "ocorrências notáveis" que afetaram a operação por mais de uma hora.
Flanelinhas ficam com chaves e cobram R$ 250 por vaga na rua
Com o preço dos estacionamentos nas alturas, quem não pode pagar fica refém dos flanelinhas. É o caso de Monique Santiago, publicitária. A reportagem a encontrou parando no estacionamento de R$ 650 - mas a vaga não era dela, era da chefe, que estava viajando e cedeu o espaço temporariamente. "A minha vaga mesmo é na rua. Pago R$ 200 ao flanelinha por mês e deixo a chave com ele. Faço isso porque não tenho condições de pagar o que cobram nos estacionamentos tradicionais daqui."
A ação dos flanelinhas também é conhecida nos grandes eventos da cidade. Dia 17, a Polícia Militar deteve 17 deles, que cobraram entre R$ 10 e R$ 20 de quem deixou o carro na região do Ibirapuera, na zona sul, para participar de Maratona Internacional de São Paulo. Eles foram indiciados por exercício ilegal da profissão.
Quem deixa o carro com os flanelinhas dos centros comerciais também pede ação policial. Os engenheiros Joel Maia e Luana Ribeiro e Martin Willitsch trabalham em um escritório da Faria Lima e contam que casos de extorsão são comuns. "Acontece direto com o pessoal lá do escritório. Somos reféns aqui. Paro em um estacionamento coberto, porque a empresa paga", diz Luana.
Ameaças
"Eles (flanelinhas) falam que quando voltar vai ter acontecido alguma coisa com meu carro. Dou algum dinheiro, mas não pago mensal. Sou contra quem paga", diz Joel. Ele conta que os colegas desembolsam até R$ 250 para deixar o veículo, com a chave, na rua. "Quem para avulso tem de deixar o carro fora de marcha. Aí empurram um carro daqui, outro dali e colocam o do "mensalista" na "vaga"."
Em 12 meses, valor subiu mais que o dobro da inflação
O preço das vagas avançou mais do que o dobro da inflação medida nos últimos 12 meses pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A variação foi de 10,77%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 4,15% no período.
A explicação para esse aumento, segundo especialistas e empresários do setor, está associada a dois fatores principais: o sempre crescente aumento da frota de carros em circulação e a falta de espaço para abrigar mais estacionamentos. Procurado, o Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (SINDEPARK) não respondeu ao Estado.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 18 de junho de 2012

Comentário do SINDEPARK

O SINDEPARK esclarece que os reajustes dos estacionamentos na capital paulista variam de acordo com a região, e são resultado de uma política interna de cada empresa. Assim, englobam vários custos, principalmente os aluguéis, que devido ao aquecimento imobiliário tiveram uma supervalorização.

Categoria: Fique por Dentro


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