A São Paulo com que sonham os paulistanos é bem diferente da cidade em que vivem, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (Ibope), encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade.
Como o nome diz, o movimento apresentado publicamente ontem, quer mobilizar o paulistano para melhorar a Capital.
Para começar, foi buscar por meio de uma pesquisa qualitativa as principais frustrações e expectativas do cidadão em relação à cidade. Pessoas de diversas faixas etárias e classes sociais foram ouvidas pelo instituto.
Caos foi a palavra mais usada pelos paulistanos para traduzirem São Paulo. A perda diária de horas no trânsito e em transportes públicos, agravada pela dificuldade de acesso a serviços e bens disponíveis na cidade fazem de São Paulo uma cidade impossível e quase indesejável para a maioria de seus habitantes.
Na opinião dos pesquisados, a agenda econômica da cidade foi priorizada em detrimento do capital humano. A cidade, admirada pela sua diversidade, viu-se instalar a violência, a tirania do tempo, o apartheid social e a desigualdade de oportunidades.
Mas entre os sentimentos positivos dos entrevistados em relação à cidade, apurados pelo Ibope, a admiração ocupou lugar de destaque. A maioria, hoje, enxerga São Paulo como a cidade da qual gostariam de fugir.
Mas, mesmo assim, alimentam grande paixão pela capital. Muitos declararam que querem cuidar e resgatar o espírito da cidade que dava orgulho a seus habitantes, valorizando o que ela tem de melhor. "São Paulo foi resumida como uma cidade de todos, mas para poucos", disse a diretora do Ibope, Márcia Cavalari.
O movimento, de iniciativa do Instituto Ethos e apoiado por 250 organizações, grupos e entidades da sociedade civil foi inspirada na experiência de sucesso de Bogotá, na Colômbia.
Para cumprir metas, no mínimo, difíceis, como tornar a cidade mais saudável, segura e eficiente, o movimento começará com a seleção e organização de um banco de dados com os principais indicadores de qualidade de vida na metrópole.
O levantamento vai considerar separadamente dados de cada uma das subprefeituras de São Paulo. A idéia é que os partidos políticos e sucessivos governos se comprometam com um desenvolvimento sustentável continuado.
A novidade já poderia impactar as eleições municipais do ano que vem. Segundo o empresário e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Oded Grajew, o movimento quer reunir e publicar as propostas de todos os candidatos a cargos públicos. "Enquanto candidatos, e depois de eleitos, eles serão cobrados em cada detalhe, já que terão indicadores concretos para construírem uma proposta de desenvolvimento para a cidade", declarou.
A evolução dos indicadores será atualizada e comunicada periodicamente pelo site São Paulo Como Vamos, podendo ser acompanhada pela população, empresas e entidades.
Fonte: Diário do Comércio (São Paulo), 16 de maio de 2007