O centro velho de São Paulo ganhará 1.326 novos apartamentos nos próximos dois anos. Seis condomínios estão em obras atualmente entre o vale do Anhangabaú e a Santa Cecília: três na rua 25 de Janeiro, um na avenida Duque de Caxias, um na esquina da alameda Nothmann com a Adolfo Gordo e outro no calçadão da avenida São João, com preços que variam de R$ 43 mil a R$ 146 mil.
São prédios com porteiros e áreas de lazer, como piscina e academia de ginástica, que ajudam a compensar a área dos imóveis -o Novo Centro Arouche (av. Duque de Caxias, com apartamentos de área entre 48,18 m2 e 52,02 m2), por exemplo, terá um "beauty center" (centro de beleza) e um "business center" (sala de reunião). "Trazer os moradores de volta para o centro, mesmo com esses apartamentos de menor valor, é fundamental para a revitalização. O desafio é melhorar segurança e limpeza", diz o arquiteto Ruy Ohtake.
Embora a volta de moradores seja um indicativo positivo, a revitalização do centro ainda é lenta e pouco perceptível para quem passa pela região.
Para a arquiteta e urbanista Nadia Somekh, a revitalização ainda "está no meio do caminho". "O centro não está bem varrido e, quando se passa pelas ruas, ainda se tem uma sensação de insegurança", diz Somekh, ex-diretora da Emurb na gestão Marta Suplicy (PT).
Hoje, o aluguel residencial no centro custa R$ 11,40 por metro quadrado para apartamentos de um quarto e R$ 10,55 para os de dois dormitórios, segundo dados do Secovi, o sindicato da habitação. Na Vila Mariana, por exemplo, o valor médio é de R$ 13,50 (um quarto) e R$ 10,50 (dois).
Desde agosto de 2005, quando a medição começou a ser feita por metro quadrado, a valorização foi de 18,4% para os imóveis de um dormitório e 15,3% para os apartamentos de dois quartos. A inflação acumulada medida no mesmo período pelo IGP-M é de 5,47%.
A maior parte dos novos apartamentos é destinada a famílias com renda mensal entre cinco e dez salários mínimos.
Moradores
Em 2002, o escultor Emanoel Araújo trocou a Bela Vista pela avenida São Luís, com vista para República. "Mas penso em sair daqui. Quando desço para a rua é um inferno, o problema social continua."
Já o roteirista de cinema Hilton Lacerda ("Amarelo Manga"), 41, vindo de Pinheiros também em 2002, diz gostar "muito" de morar no centro. "Gosto de caminhar pela região, de ir a pé à Pinacoteca. Fui assaltado e agredido num final de semana, à noite. Mas não troco o centro por Pinheiros."
Entre os prédios já existentes, a procura imobiliária e a valorização de aluguéis na região central mais que dobraram nos últimos cinco anos.
Dona e gestora de quase todos os imóveis do centro paulistano, a imobiliária Savoy dá exemplos da nova expansão: a taxa de ocupação do edifício Marrocos, na Conselheiro Crispiniano, passou de 30%, em 2003, para 80% neste ano. A rua Boa Vista também teve projeção nesse índice.
Fonte: Folha de São Paulo (São Paulo), 12 de maio de 2007