Colocar a carroça à frente dos bois. É assim que pode ser definida a situação de quem abre um negócio tomando por base o dinheiro que tem em mãos. "O certo é cumprir etapas que tornem viável o negócio e só então fazer o levantamento do quanto vai ser necessário para o empreendimento", ensina o consultor de administração do Sebrae-SP, Milton Fumio Bando.
Pesquisa do Sebrae indica que 29% das pequenas empresas fecham as portas antes de completar o primeiro ano. "Em geral, são pessoas que metem as caras sem medir as conseqüências. Levantam dinheiro de uma indenização trabalhista, por exemplo, e aí já se acham aptas a abrir uma empresa", critica.
É preciso saber como se montar o negócio. "Não basta dominar o produto, tem de ter conhecimentos de administração para dar certo."
Fumio relaciona três características fundamentais para um empreendedor. "Ser persistente, saber correr riscos, ou seja, o risco calculado, e ser organizado. Se o interessado não tiver, nem adianta pensar em abrir o que quer que seja."
Depois de levantar o que é necessário para abrir uma empresa a partir de um plano de negócios, o futuro empresário já vai saber que nicho deve explorar, em que área e, principalmente, para atender a quem.
Ao colocar na ponta do lápis todo o material e mão-de-obra que serão necessários e eleger os possíveis fornecedores, é que o futuro empresário vai saber quanto vai precisar para concretizar o seu sonho. "E não é para desanimar se concluir que tem R$ 15 mil e precisa de R$ 20 mil ou mais. É nessa hora que ele deve decidir se recorre a um empréstimo ou busca um sócio."
Para não correr o risco é imprescindível ter uma reserva. O conselho final do consultor do Sebrae é que os interessados observem rigidamente a legislação. "Não monte nada na informalidade senão vai aparecer um fiscal para fechar a sua porta", conclui.
Buscando o público alvo
O desenhista Fernando Gregório, 25 anos, conta que desde pequeno sonhava em ter um negócio próprio. Fez desenho e começou a pesquisar como poderia empregar aquele conhecimento num ganha-pão. "Fiz cursos e recorri à consultoria do Sebrae. Resultado: já estou há quatro anos com a BioArtes Estúdio, fazendo logotipo, ilustração, páginas na internet e muito mais."
Gregório investiu cerca de R$ 2,5 mil para montar o estúdio. "Planejei tudo e fui buscando colaboradores na medida em que ia criando novas necessidades." Ele conta que cometeu erros como o de buscar clientes em lugar errado. "Isso foi até descobrir o meu público alvo. Não perdi mais tempo e ganhei trabalhos."
Fonte: Jornal da Tarde (São Paulo), 13 de maio de 2007