Retirar o anúncio indicativo que desrespeita a Lei 14.223/06, a Cidade Limpa. Em seguida, pintar a fachada utilizando cores fortes ou optar por desenhos ou grafites. Finalmente, esperar que a Prefeitura emita o mais rápido possível o Cadastro de Anúncio provisório (Cadan).
Essa tendência observada entre os comerciantes da Capital nas semanas que antecederam o dia 1º de abril (início da fiscalização da Prefeitura), intensificou-se no feriadão de Páscoa.
Frustrados por trabalharem ou acompanharem a remoção dos anúncios em plena Semana Santa? Para os comerciantes ouvidos pelo DC, o momento é de adequação, já que o prefeito Gilberto Kassab optou por esclarecer os lojistas em vez de aplicar pesadas multas, de pelo menos R$ 10 mil.
E não há previsão de encerramento dessa fase educativa. "A data é uma questão de bom senso", vem afirmando o prefeito aos 100 mil comerciantes da cidade.
Na rua Monsenhor de Andrade, no Brás, fachadas ganharam coloridos reluzentes, mas ainda sem a identificação do comércio. Era o caso da loja Yes Blue, que só indicava o nome do estabelecimento no interior da loja.
O antigo indicativo foi retirado na última quinta-feira. Não muito longe da Yes Blue, a Inndax, localizada na rua Mendes Gonçalves, também passou por uma pequena reforma na fachada e, agora, é apresentada ao consumidor com uma fachada na cor vermelha.
Proprietário de lojas localizadas na região dos Jardins também aproveitaram o feriadão para se adequar à nova legislação. Na esquina das ruas Melo Alves com Oscar Freire, a rosada Planet Girls não mostra mais os antigos indicativos no primeiro andar da loja.
No lugar, um único anúncio foi instalado na esquina das ruas, na intenção de chamar a atenção do comprador. Um funcionário chegou a comemorar. "Estamos trabalhando muito nesses últimos dias. E ganhando mais".
Mas nem todos aprovaram a idéia de retirar anúncios em plena Sexta-Feira Santa. Crispim Sena, 38 anos, proprietário de uma perfumaria na rua Domingos de Moraes, Vila Mariana, acompanhou o trabalho de remoção em seu estabelecimento. "Só no novo anúncio deverei gastar R$ 2,1 mil. Ao todo, serão R$ 3 mil", contabilizou o comerciante.
Em frente à perfumaria, um bingo mobilizou uma enorme força-tarefa para adaptá-lo à nova lei. Pelo menos três pessoas retiravam as enormes letras em alto relevo que identificavam o bingo Domingos de Moraes.
Enquanto um trabalhador se postava no topo do estabelecimentos, desparafusando a peça, outro funcionário, descia a enorme peça por uma escada e a passava a um terceiro, que depositava as letras na calçada. "Vai tudo para lixo em seguida", disse um dos removedores.
Fonte: Diário do Comércio (São Paulo), 09 de abril de 2007