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Considerado um dos pais da engenharia de transporte no Brasil, Ion de Freitas, 84, ainda dirige seu carro todos os dias para trabalhar e defende a qualidade dos idosos ao volante. "Não vejo a idade como um problema.

Há limitações físicas, mas cada um conhece as suas restrições. Em geral, os idosos têm a vantagem de ser mais prudentes e experientes. Já os jovens são muito afoitos."

Com mais de 60 anos de habilitação, Freitas costuma fazer trajetos curtos com seu EcoSport por morar a apenas dez minutos do Instituto Evoluir, onde trabalha como psicólogo (engenheiro desde 1946, ele foi fazer psicologia com 74 anos).

"Gosto de dirigir em estrada também, sou equilibrado, nem molenga nem desesperado", define-se Freitas, que, quando já estava com 80 anos, chegou a ser multado por excesso de velocidade na Radial Leste.

Além de professor de engenharia na USP por décadas, Freitas participou dos projetos de construção das principais rodovias de São Paulo -incluindo a Anchieta nos anos 40-, da primeira linha de metrô paulista e do primeiro plano do Rodoanel, nos anos 60/70.

Legislação:

Não há na lei brasileira limite de idade para que alguém deixe de dirigir. A única restrição é que, a partir de 65 anos, os condutores devem ser aprovados nos exames de aptidão para renovar a carteira a cada três anos, e não mais cinco anos.

Há estudos internacionais indicando que a perda de condições de saúde conforme a idade -como a visão, a audição e os reflexos - eleva as falhas de idosos ao volante e pode contribuir com acidentes viários. Além disso, pelo organismo mais frágil, a gravidade tende a aumentar em caso de colisão.

Por outro lado, há componentes comportamentais entre os mais jovens -como a atração pela velocidade- que podem torná-los mais perigosos. "O carro pode ser a salvação para um idoso não morrer socialmente, pode ser muito importante para a sua mobilidade", diz José Montal, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

A avaliação é reforçada pelo fato de não haver no país boas condições para que eles andem a pé ou de transporte coletivo.

Para ele, algumas perdas físicas são compensadas por outros fatores, como a prudência. "Eles tomam mais cuidado, vão mais devagar. O curioso é que muita gente reclama disso, dizendo que os idosos atrapalham. O jovem de hoje não pode esquecer que vai ser idoso e, por segurança, vai ter que dirigir assim também", diz Montal.

Dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostram que só dois idosos com 80 anos ou mais morreram em 2005 dentro de veículos -0,3% do total de 760 casos.

Problema com a visão é o que mais atrapalha motorista idoso

Alguns problemas de saúde podem afetar o desempenho do idoso ao volante. Acompanhamento médico freqüente, vida saudável com atividades físicas e a atenção da família são cuidados necessários.

A visão, por exemplo, costuma ser muito afetada com a idade. De acordo com o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, são quatro os principais problemas: catarata, glaucoma, degeneração macular e olho diabético. Grande parte das doenças relacionados à visão pode ser tratada clinicamente ou por meio de cirurgia.

A redução dos reflexos, a perda de audição e os efeitos de medicamentos também podem ser problemas para o idoso. "É importante os parentes estarem atentos, tem gente que faz vista grossa para não causar constrangimento", diz o geriatra Clineu de Mello Almeida Filho.

Segundo ele, quando a família não consegue abordar o assunto, uma dica é deixar que o médico explique as limitações ao paciente idoso.

Parentes usam habilitação para transferir pontos

Muitos idosos, mesmo os que não dirigem mais, acabam renovando suas habilitações a pedido de parentes, que usam o documento para transferir suas infrações.

É o que José Montal, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), define como "câmara paralela de pontuação".

Como são os donos dos veículos que indicam quem cometeu a infração, muitos distribuem pontos entre parentes, evitando a suspensão da carteira. E a dos idosos vira alvo de filhos e netos.

O motorista que faz indicação falsa de condutor para transferir pontos pode ser enquadrado no crime de falsidade ideológica.

O Detran de São Paulo cogitou, em 2004, bloquear habilitações de motoristas com mais de 85 anos para evitar essa transferência, inclusive para carteiras de condutores que já tinham morrido.

O Detran afirma que, agora, as carteiras de quem morreu são canceladas automaticamente.

Fonte: Folha de São Paulo (São Paulo), 07 de abril de 2007


Categoria: Geral


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