Parking News

Por Jorge Hori*

Para transferir os deslocamentos por carro para o transporte coletivo é preciso mudar o paradigma da locomoção ponta a ponta, para adotar a perspectiva logística e intermodal.
O deslocamento por meio individual permite a viagem ponto a ponto de tal forma que as questões logísticas se resumem à seleção das rotas e à disponibilidade de estacionamento no destino. A escolha da rota, na prática, envolve o menor tempo de viagem e não a menor extensão, com a escolha das vias menos congestionadas. Já a escolha do estacionamento está relacionada com a distância em relação ao local de destino final e ao preço.
Para promover a transferência do transporte individual para o coletivo não basta considerar a qualidade do meio do transporte coletivo, mas as condições da viagem completa, uma vez que o meio coletivo segue rotas rígidas que nem sempre atendem, de forma direta, o deslocamento da origem inicial ao destino final, obrigando a transbordos ou a transferências intermodais. Isso ocorre, principalmente, nas pontas da origem ou do destino.
Os maiores congestionamentos ocorrem nas vias estruturais, para onde desembocam os veículos vindos de todas as ramificações e servem como vias principais para a posterior distribuição dos veículos até os seus destinos. São os trajetos pelas vias estruturais os que mais podem ter a substituição do transporte individual pelo coletivo, para o qual é essencial uma adequada condição de transferência intermodal. A transferência do automóvel para um transporte de alta capacidade, como o metrô, é o mais desejável, para a melhoria da mobilidade urbana, mas isso requer estacionamentos junto às estações, para a modalidade "park and ride", ou seja, o estacionamento do carro para seguir de metrô.
Nas condições reais do transporte coletivo de São Paulo, essa modalidade só é praticável junto às estações de ponta, ou iniciais que são também terminais. Isso porque, dada a lotação do metrô, nas estações intermediárias o usuário do transporte individual prefere seguir a viagem por carro a trocar pelo metrô superlotado.
Não basta uma concepção genérica de preferência pelo transporte coletivo. Não basta investir no meio coletivo específico. Os meios precisam ser integrados numa perspectiva logística, dentro da qual o estacionamento de transferência é um elemento essencial. Por ser um serviço privado, o investimento deve ser privado. Mas deve contar com regulação incentivadora e ser integrada ao planejamento urbano.
O Poder Público tende a se limitar às transferências do meio coletivo para o coletivo, mas para atender ao objetivo de substituir o individual pelo coletivo é preciso prever a integração individual x coletivo. No entorno das estações de metrô deverão ser previstas áreas para estacionamento. Essa condição favorece a substituição do individual pelo coletivo e não o contrário, segundo uma concepção equivocada de que disponibilidade de estacionamento favorece o uso do transporte individual.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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