Por Jorge Hori*
Os estacionamentos pagos tendem a ampliar a automação, incorporando os avanços tecnológicos. Ingresso e saída automatizados dos carros já estão amplamente adotados, mas ainda dependem de algum apoio humano, pela falta de qualidade e confiabilidade de alguns sistemas.
Um problema adicional é de alguns tags, que não funcionam e geram congestionamentos na entrada. Sem a presença de um funcionário, bem treinado, para liberar o ingresso, o estacionamento acabará perdendo clientes.
O avanço vem se dando na cobrança, com máquinas automatizadas de cobrança, aceitando cartões. Gera uma dificuldade nos descontos das seguradoras e de outros patrocinadores, mas é problema resolvível, sem maiores custos.
Para uma automação total, o problema está na busca da vaga e presença do manobrista.
No futuro haverá carros automatizados, sem a presença do motorista. Nesse caso a automação embarcada buscará - de forma inteligente, baseada na internet das coisas - uma vaga, sem precisar ficar rodando em busca de uma, com todas as idiossincrasias do motorista.
Enquanto não chega o carro sem motorista, há duas opções: a condução automatizada a partir de um box de entrega e a substituição do manobrista humano por um robô.
Em garagens verticalizadas, a entrega poderá ser num piso de elevador. Em garagens horizontais, o carro deverá ser levado por esteiras rolantes e colocado numa vaga, também de forma automatizada.
No primeiro caso, a automação pode ser condição essencial da configuração do estacionamento. No segundo caso não. E na comparação entre o manobrista humano e um sistema automatizado de esteiras, dentro das concepções tecnológicas existentes, o custo-benefício não se justificará. Novas soluções tecnológicas poderão vir a baratear a solução.
A preocupação quanto à automação tem a ver com os custos, principalmente dos custos com os empregados, que além dos valores diretos implicam custos indiretos de gestão e de negociações. Esses sempre muito desgastantes.
Mas a questão econômica mais importante é o impacto dessa automação para os usuários.
Se a automação ampla reduzir os custos e for repassada ao usuário, na forma de redução dos preços, certamente impactará em maior demanda. Mas para os que reduzirem primeiro. Se a redução for generalizada, esse efeito se diluirá ou até se anulará. O resultado econômico poderá ser negativo para as empresas individualmente.
Estacionamento não é demanda primária. A demanda é do destino do motorista. Por exemplo, no caso de estacionamentos de aeroportos, a demanda é gerada pelas pessoas que vão viajar, levar ou buscar passageiros. O estacionamento tem - praticamente - o monopólio de prestação do serviço e, mesmo com a automação, pode manter as tarifas.
Já nos estacionamentos em polos comerciais, com diversidade de estacionamentos, o fator preço pode ser relevante para a conquista do usuário que se dirige ao polo. Será uma "guerra de preços" entre os estacionamentos locais, com tendência à soma zero: o adicional que um estacionamento conquista, o seu concorrente está perdendo.
Uma parte importante da demanda busca o estacionamento por motivo de comodidade. Não pelo preço. Os motoristas querem entregar o carro a um manobrista e recebê-lo trazido por um manobrista. Não querem se dar ao trabalho de procurar uma vaga. Uma automação total, sem a presença humana, elimina um fator diferencial que é marca dos serviços de estacionamento pago.
Ao contrário, com uma automação ampla, a presença humana será um diferencial para a atração de usuários, dispostos a pagar mais caro e gerar maior rentabilidade.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.