Porém, segundo dois especialistas da área, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos da Fiesp, Sidney Sanches, e o juiz da 42ª Vara Cível de São Paulo e membro do INRE, Carlos Henrique Abrão, a nova lei ainda precisa de ajustes. Entre os problemas citados estão a falta de investimentos financeiros nas empresas em recuperação e a dificuldade de acesso de micro e pequenas aos processos de recuperação previstos na nova lei.
O levantamento também detectou 732 empresas em processo de recuperação no País, mas ainda não há nenhum caso em que a recuperação tenha sido concluída, afirma Abrão.
Segundo o juiz, não se pode negar que houve uma grande evolução com relação à entrada em vigor da nova lei. "Antes os processos de concordata sempre resultavam em falência e ficavam neste estágio por cerca de 30 anos, sem que houvesse a possibilidade de recuperação e o pagamento dos credores", diz.
Sidney Sanches concorda que houve um grande avanço com a nova lei. "Eu, que já fui juiz de primeira instância, enquanto vigorava a antiga legislação, sei como é frustrante verificar que as concordatas terminavam em falência, que os credores nunca recebiam e que o judiciário não estava aparelhado para coibir abusos. Agora há a esperança de que a empresa possa recuperar seu equilíbrio", diz. Apesar das vantagens, Sanches também acredita que deve haver reformas pontuais na lei.
Fonte: Diário Comércio Indústria, 2 de junho de 2008