De acordo com um dos gerentes da Novozymes, Ricardo Blandy, este combustível é feito à base de resíduos agrícolas, como o bagaço de cana-de-açúcar e o amido de milho. ?Hoje, o álcool é feito da própria cana e do próprio milho. O que sobra desses materiais não é utilizado. Nós encontramos uma tecnologia que converte esses resíduos em combustível?, explica.
?O trabalho não é igual à produção de álcool comum?, revela o gerente de desenvolvimento e pesquisa, Thomas Rasmussen. Há 10 anos, pesquisadores têm trabalhado para desenvolver o etanol de celulose ou de segunda geração. Ele conta que foi necessário buscar na natureza um fator que pudesse reagir e transformar os resíduos em combustível, que são as enzimas.
Segundo Rasmussen, com base nisso, a empresa desenvolveu uma matéria-prima, que deve ser negociada com as usinas interessadas em fabricar o novo etanol. Por enquanto, o trabalho está sendo feito em pequena escala, apenas para experimento.
A primeira usina a começar a produzir o etanol de segunda geração em larga escala é do estado de Alagoas, no nordeste do país. ?Outras quatro empresas já anunciaram publicamente que devem produzir o combustível a partir do ano que vem?, conta o gerente.
Benefícios
Os pesquisadores afirmam: o etanol de celulose possui vários benefícios. Um deles é reduzir o impacto ambiental com a reutilização dos resíduos. ?O Brasil tem disponível de biomassa (resíduos de produção) um volume suficiente que seria capaz de dobrar a produção de álcool atual?, explica Blandy. Segundo ele, este material está sendo jogado no lixo por não existir indústria que o reutilize.
Para o professor do departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luiz Pereira Ramos, a nova tecnologia vai trazer vantagens econômicas para o Brasil. ?O país tem toda a condição do mundo de ocupar um lugar muito importante no mercado exterior. Novas indústrias podem se instalar aqui?, afirma. Ramos ainda acredita que o etanol de segunda geração vai diminuir o uso de petróleo, que será utilizado para outros fins.
Fonte: portal G1, 21 de julho de 2013