Dentro do "padrão FIFA" cada um dos novos estádios constituídos ou em construção para a Copa de 2014 contemplam amplos estacionamentos, parte coberta - dentro dos estádios - e parte descoberta, ao lado. Os primeiros serão utilizados para o estacionamento dos veículos dos VIPs, os abertos não poderão ser utilizados durante os jogos da Copa, sendo deixados vazios como área de escape dos espectadores, em caso de algum tumulto ou acidente que obrigue à rápida evacuação do estádio. O máximo previsto pela FIFA são oito minutos para o esvaziamento total.
O que acontecerá com os estacionamentos dos estádios fora da Copa?
Há situações distintas: em dois dos casos ? Castelão e Arena Pernambuco -, dada a grande distância do estádio às áreas urbanas de destino mais densas, eles só serão utilizados em dias de jogos ou demais eventos. Correm o risco de ociosidade, juntamente com os estádios. Tanto um quanto o outro só conseguiram fechar acordo com um dos clubes locais, e mesmo assim para uso parcial. Arena Pantanal está próxima à área urbana, de média densidade, porém predominantemente residencial, com pouca necessidade de oferta de vagas adicionais além das próprias dos edifícios e das vias do entorno. Não terá grande ocupação, no caso, mesmo em dias de jogos, já que a perspectiva é de pouco público. Poderá ser o estacionamento de um ?elefante branco?.
O Mineirão poderá ter grandes públicos e alta demanda pelos estacionamentos, nos dias de jogos, porém com baixa fora dos dias de jogos, reservadas as vagas apenas para os turistas que procuram conhecer o estádio.
Na outra ponta estão as arenas incrustadas em áreas urbanas de grande densidade de destino, podendo ter alta utilização fora dos dias de jogos. Dentre eles estão dois estádios que poderão se transformar em ?elefantes brancos?, com baixa utilização para jogos, ou com baixo público, mas poderão ter uma elevada utilização dos estacionamentos: são os casos da Arena Amazônia, em Manaus, e das Dunas em Natal.
Os três estádios privados, Itaquerão, em São Paulo, Beira Rio, em Porto Alegre, e Arena da Baixada, em Curitiba, estão próximos de áreas urbanas densas podendo ter boa utilização, mesmo fora dos jogos. Por serem estádios de clubes, não terão uma quantidade de uso menor do que os estádios públicos, porém com possibilidade de grandes públicos, com consequente demanda elevada por vagas.
O Maracanã ficou inteiramente cercado pela expansão urbana e o seu estacionamento poderá ser amplamente utilizado fora dos dias de jogos. A questão é se para abrir a área de estacionamento serão (ou não) demolidos o Parque Aquático e a Pista de Atletismo, o que, embora previsto no contrato de concessão, enfrenta grandes restrições.
A debilidade econômica do futebol carioca, associada à alternativa encontrada pelo Flamengo em levar parte dos seus jogos para Brasília, onde fatura várias vezes o que consegue no Rio e a necessidade da concessionária em gerar caixa, em curto prazo, podem levar o Maracanã a ser um ?elefante branco?, com a sua baixa utilização para jogos. No modelo de negócios que está estabelecido na concessão, não interessará à concessionária realizar muitos jogos, pois cada um deles será deficitário, como ocorreu com a sua reabertura, para jogos regionais, como no último domingo, dia 21 de julho de 2013.
O Mané Garrincha, em Brasília, tem uma situação peculiar. Brasília (isto é, o plano piloto) tem uma grande carência de estacionamentos e o da arena poderia ser um grande pulmão para abrigar os carros dos funcionários públicos e outros que querem deixar o carro estacionado durante todo o dia. Mas isso requer um serviço complementar de vans ou similares para levar o motorista do estacionamento até o seu destino usual. Compensaria para o usuário?
Vencida a euforia da Copa, como ficarão os estacionamentos dos estádios, como um negócio? Serão uma fonte de recursos complementares, como preveem os estudos de viabilidade, ou um custo adicional de um mau negócio?
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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