Os acidentes acontecem principalmente com mulheres porque é delas a tarefa de retirar a água que entra na embarcação para resfriar o eixo do motor. É uma atividade considerada mais leve, e o homem está no comando, pilotando a embarcação. Qualquer contato com a peça, que gira de 1.500 a 3.000 vezes por minuto, é um perigo enorme.
Na maioria dos casos, o cabelo longo usado pelas mulheres ribeirinhas enrola no eixo. Foi o que aconteceu com Rosinete Serrão, que hoje preside uma associação que reúne 117 pessoas vítimas do mesmo acidente.
"Quando levei a mão à cabeça, senti algo muito quente. Eu não sabia o que estava acontecendo. Meu pai e meu irmão falaram que todo meu couro cabelo havia sido arrancado", conta Rosinete Serrão, presidente da Associação de Mulheres Vítimas de Escalpelamento, ao Jornal Nacional.
Um mutirão organizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica levou esperança a muitas vítimas de acidentes com embarcações. Desde o dia 11, 40 médicos se revezam em sete salas em dois hospitais no estado fazendo cirurgias reparadoras.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 12 de maio de 2012