Quando tem animais na pista ou quando surge algum imprevisto nas estradas, mais do que inteligência, é preciso prudência. A equipe do Jornal Nacional percorreu 6,1 mil quilômetros procurando, mas a prudência foi coisa difícil de encontrar.
"Como é que eu vou sair em uma viagem de Belo Horizonte a Brasília a 80 por hora?", diz um motorista.
E em viagens que duram dias inteiros, fala-se até o que normalmente não se falaria.
"Ao dirigir a 90 em uma estrada para 60, você está aumentando o seu risco e o risco dos passageiros, mas vai de cada um. É um risco, mas não adianta mentir. O pessoal anda e a gente anda também", revela um condutor.
Motoristas passam dos limites, mas sempre com cinto de segurança.
A equipe fez mais de uma dezena de viagens e praticamente não viu passageiro usando cinto de segurança. Uma situação que beira o absurdo, segundo o grupo, porque, pelo que parece, ninguém faz ideia do risco que está correndo.
"Eu costumo andar sem cinto", afirma o estudante Maykon Francisco.
O passageiro que viaja como Maykon, sem cinto e no centro do ônibus, é quase sempre atirado pelo corredor.
"Eu sempre acho que não vai acontecer nada", acrescenta o aluno.
Sensores espalhados pelo corpo de bonecos mediram a diferença entre usar cinto com fixação em dois e três pontos. A conclusão é que o cinto de três pontos protege até sete vezes mais.
Por fim, o estudo afirma que com cinto de três pontos ônibus são bastante seguros nos Estados Unidos.
Mas a realidade brasileira é diferente: estradas esburacadas, falta de policiamento e passageiros sem cinto. Depois de procurar pelos quatro cantos do país, foi em uma viagem para Goiânia que a equipe finalmente encontrou um passageiro que não abre mão do cinto de segurança.
Se o passageiro parece sem cinto é por que os ônibus brasileiros só usam cinto de segurança com dois pontos de fixação, na cintura, aqueles que o estudo mostrou que são menos seguros.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 9 de maio de 2012