Se o projeto proposto pelo prefeito Gilberto Kassab for aceito, o perímetro da Operação Urbana Faria Lima pode receber 24 arranha-céus iguais ao Edifício Altino Arantes, a Torre do Banespa, que fica no centro de São Paulo. Com base na média de uma vaga de estacionamento a cada 35 m² de construção - parâmetro utilizado por arquitetos e técnicos da própria administração municipal -, os novos empreendimentos da área absorveriam 11.700 veículos.
A quantidade é maior que os atuais 9.600 carros que passam pela Juscelino na hora de maior movimento de manhã e os 7 mil automóveis que entopem a Faria Lima no horário de pico da tarde. "É só passar às 18h perto do Shopping Iguatemi para ver que a região não suporta mais carros. Como vai ficar com os prédios novos?", pergunta o advogado Heitor Marzagão Tomassini, integrante do Conselho Gestor da Operação Urbana Faria Lima e presidente do Movimento Defenda São Paulo.
Para técnicos da Prefeitura e dirigentes de imobiliárias, a construção de novos edifícios não significa, necessariamente, mais trânsito. "A região recebeu duas estações de Metrô (Pinheiros e Faria Lima), o que reduz o trânsito. Além disso, acho que a área, que até agora foi ocupada por prédios comerciais, vai receber mais empreendimentos residenciais e as pessoas vão ficar perto do trabalho", avalia o diretor de legislação urbana do Sindicato da Habitação (Secovi), Eduardo Della Manna.
A Prefeitura, por sua vez, diz que não está criando um novo teto de verticalização, mas apenas possibilitando que se construa a quantidade de prédios prevista para a área desde 1995, quando a Operação Urbana Faria Lima foi lançada por Paulo Maluf. De um total de 1,3 milhão de m² que poderiam ser construídos no bairro, cerca de 890 mil m² foram utilizados. Para levantar seus edifícios, as imobiliárias precisam comprar títulos chamados de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepac). "Mesmo que isso já estivesse previsto, acho importante fazer uma análise para saber o impacto que os novos prédios terão, principalmente no sistema viário", afirma o dirigente do Defenda São Paulo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 9 de dezembro de 2011