"Era possível sentar na calçada, não havia poluição sonora, não havia poluição do ar e era possível ao fim da tarde ficar bebendo alguma coisa", disse Nestor Goulart.
As calmarias de fim de tarde foram atropeladas pela explosão dos anos 60. Os bancos e escritórios chegaram e os executivos transformaram a Paulista no centro financeiro do país.
"É gostoso trabalhar aqui. Você vê gente bonita, gente bem arrumada. É um lugar bacana", afirmou o assistente administrativo Eduardo Vicente.
Agora, a Paulista muda de novo: é a vez das grandes lojas, de olho no movimento que nunca para. "A Paulista é maravilhosa, tem de tudo", disse a cabeleireira Cleuza Balank.
Aos 120 anos, a Paulista do século XXI não é uma avenida horizontal como as outras: é um verdadeiro mundo em 3D. Começa a 15 metros abaixo da rua, nas três estações da Linha 2 do Metrô de São Paulo, que transporta 170 mil apressados passageiros por dia.
Continua no térreo, nos 2,8 mil metros de asfalto, pisados diariamente por 1,5 milhão de pedestres.
Desembarca no topo do edifício Gazeta, na plataforma da torre da emissora. E decola para o topo de 81 arranha-céus, de onde imperam 96 antenas, instaladas no ponto mais alto da cidade, para transmitir sinais de TV, rádio, celular e tudo mais que viaja pelos ares para manter a Paulista e os paulistanos conectados ao mundo.
Fiel ao nome, a preferida da capital impõe respeito. "Assusta um pouquinho porque é totalmente diferente do interior de São Paulo. Esses prédios enormes dão um pouquinho de medo", contou a assistente social Aline Grigolato.
Mas tem lugar para todos. Tudo passa pela avenida. "A Paulista começou mais elitista e hoje é talvez o espaço mais democrático do país", afirmou o artista Almir Rezenda.
Mais que endereço, a Paulista é a cara de São Paulo. "Nós temos cultura, na Paulista nós temos de tudo. O coração de São Paulo e também do Brasil", disse a terapeuta corporal Vanessa Juliana Bezerra.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 8 de dezembro de 2011