O que hoje é lento amanhã vai parar. Um estudo da Fundação Dom Cabral revela que os congestionamentos nas grandes cidades crescem em um ritmo impressionante. Ano após ano, as filas de carros aumentam 17% em São Paulo. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, crescem 14%.
"Até acontecer chegar a um momento que a gente prevê, se nada for feito até o final desta década, as cidades brasileiras enfrentando um permanente estado de lentidão nas suas principais avenidas", diz o pesquisador Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral.
No relógio, os números impressionam ainda mais. Há quatro anos, os moradores de Belo Horizonte ficavam parados no trânsito, em média, 56 minutos por dia. Em 2012, este número pulou para quase uma hora e meia. Neste mesmo período, no Rio de Janeiro, o tempo no trânsito saltou de uma hora e 52 minutos para duas horas e 49 minutos. E os paulistanos já superaram a média de três horas e meia por dia.
Muitas vezes, a única mudança na paisagem é o número de carros cada vez maior. Quem poderia estar produzindo, comprando, vendendo, educando os filhos, se divertindo, está preso no movimento lento que prejudica o bem-estar das pessoas e a economia do país. Pelos cálculos da Fundação Getúlio Vargas, só os engarrafamentos de São Paulo representam uma perda de R$ 40 bilhões por ano.
"Um cidadão que tem um automóvel e que usa esse automóvel diariamente gasta R$ 930 por ano a mais de combustível por causa de congestionamento", calcula o professor de economia Marcos Cintra.
O maior prejuízo são as horas de trabalho perdidas. Sem falar nos gastos com saúde, provocados pela poluição e pelo estresse.
"Eu queria estar longe. Queria estar no sítio tranquilo", diz um motorista.
Chegar lá é que vai ser difícil. Segundo os especialistas, muitas cidades que têm entre 50 e 100 mil habitantes já enfrentam problemas de trânsito semelhantes aos das capitais.
Para eles, a saída é o investimento em transporte coletivo.
"Se as cidades não optarem por esse investimento, elas certamente vão ter que optar pela restrição do movimento, através do rodízio e do pedágio urbano. Isso significa o cidadão sendo punido por uma ineficiência histórica da gestão pública no Brasil", conclui Paulo Resende.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 25 de maio de 2013