Há muitas. Mas quero falar apenas das microssoluções, que, individualmente, parecem pífias, mas o seu somatório pode aliviar o trânsito. Vejamos algumas ideias, engendradas na monotonia dos congestionamentos.
Vias de acesso - Em certas horas do dia algumas ruas e avenidas concentram o trânsito, ficando congestionadas. A primeira providência, se já não foi tomada, é mapear quais artérias cumprem esse papel e em que horários isso ocorre. Conhecendo esses parâmetros, há muito a fazer.
Eliminar o estacionamento nessas artérias e nessas horas. Não tem sentido poucas dúzias de veículos atrasarem a vida de milhares de pessoas, como vemos acontecer.
Coibir severamente tudo o que retarde o tráfico nessas vias, incluindo não apenas o estacionamento, mas as paradas (caminhões descarregando etc.).
Remanejar paradas de ônibus, de forma a evitar os locais mais congestionados ou criando reentrâncias no passeio.
Encontrar soluções para saídas de colégio em artérias movimentadas. Em alguns casos, proibir o estacionamento próximo nas horas críticas de embarque e desembarque.
Semáforos - Permitir a conversão à direita com o sinal fechado. No Brasil já foi assim e hoje todos os Estados americanos adotaram a prática. Por que não?
Utilizar a prática (também americana) de pôr o semáforo piscando em horários noturnos. Com ou sem justificativas de segurança, a partir de certa hora quase todos avançam o sinal.
Estudar cuidadosamente o fluxo de veículos e pedestres nos cruzamentos e otimizar o tempo de duração para cada rua. Há ruas de pouco movimento com tempos excessivos. O somatório de esperas desnecessárias deve ser substancial.
Fiscalização aleatória em todas as ruas da cidade - Mesmo nos países ditos civilizados, boa parte do cumprimento da lei resulta do medo de ser apanhado desobedecendo-lhe. Portanto, a solução óbvia é fazer com que jamais possamos ficar sabendo em que esquinas haverá guardas fiscalizando.
Políticas de redução dos deslocamentos - Por que todos vão para o escritório à mesma hora e voltam também à mesma hora? Em alguns casos, há boas razões. Em outros, por que não encorajar grandes empresas a mudarem os seus horários de entrada e saída?
Motocicletas - Comparadas com automóveis, motos ocupam menos metros quadrados por pessoa no trânsito. O mesmo sucede no estacionamento, pois cada automóvel ocupa um espaço em que pelo menos oito ou dez motocicletas podem ser estacionadas. Com o crescimento da frota de motos, é preciso aumentar os estacionamentos privativos para elas. E também permitir que parem nos intervalos deixados pelos carros estacionados.
Que me perdoem a audácia os engenheiros de trânsito, mas aí estão meus palpites de leigo.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 21 de março de 2012