As mudanças nos semáforos paulistanos começaram no fim do ano passado e, de acordo com o programa elaborado pela CET, serão adaptados todos os 17 mil semáforos "com braços" - aqueles que ficam suspensos no meio da rua e não colocados em postes nas laterais. São ajustes simples e de baixo custo, mas que deixam os equipamentos mais visíveis para os daltônicos à noite.
Estão sendo trocados apenas os anteparos pretos que ficam atrás das lâmpadas por outros mais novos e que possuem uma faixa reflexiva branca na altura da luz amarela. Essa adaptação permite aos daltônicos saber qual lâmpada está acesa no período noturno. Apesar de não reconhecerem as cores, esses motoristas conseguem identificar em um semáforo qual está mais brilhante por causa do contraste. A dificuldade é que, no período noturno, o daltônico não enxerga todo o equipamento, mas apenas a luz, sem um referencial se é a que está em cima (vermelha) ou embaixo (verde).
"A tarja branca reflexiva oferece uma referência para os motoristas daltônicos. Eles conseguem visualizar o brilho à noite e com a faixa identificam se (a luz acesa do semáforo) está em cima ou embaixo. É uma solução simples, mas que funciona e traz mais segurança", diz a assessora técnica da CET e responsável pelas pesquisas sobre o assunto, Kátia Moherdaui Vespucci, que tem dois filhos daltônicos.
Atualmente cerca de 300 equipamentos já estão com a faixa reflexiva branca, em bairros como Vila Mariana, Ibirapuera, Itaim-Bibi e Jardim América, todos na zona sul da capital.
São Paulo é o segundo município brasileiro a adotar essa faixa reflexiva e elaborar um programa para manter semáforos adaptados em toda a cidade. A primeira foi Campinas, que começou a experiência em 2003 e foi ampliando aos poucos a quantidade de equipamentos adaptados. Atualmente, 70% dos 445 cruzamentos com semáforos na cidade têm o recurso.
As adaptações para os daltônicos são justificadas pela frequência com que a disfunção é registrada na população. As estimativas apontam que 10% dos homens tenham algum tipo de daltonismo, seja em menor ou maior grau. O índice é bem mais baixo em relação às mulheres (0,5%).
Como na maior parte dos casos os daltônicos conseguem relacionar as cores pela textura e contraste, não há obstáculos para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e muito menos foi comprovado que não estão aptos a dirigir.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 10 de janeiro de 2011